O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou, no final da manhã desta sexta-feira, o envio de tropas federais para o Ceará, que vive sob ataques pelo segundo dia consecutivo. Diversas cidades do Estado registraram desde quinta-feira noites e madrugadas de ataques. Em Fortaleza, uma delegacia da Polícia Civil sofreu atentado de incêndio. A Prefeitura de Maracanaú também foi atacada. Ônibus e vans foram queimados pelos suspeitos, que também incendiaram colunas que sustentam um viaduto da rodovia BR 020, que liga a capital cearense a Brasília.
Cerca de 300 homens e 30 viaturas da Força Nacional (FN) seguem ainda hoje para o Estado e atuarão por 30 dias em ações de segurança e apoio à Polícia Federal (PF), à Polícia Rodoviária Federal (PRF), ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e às forças policiais estaduais. Caso necessário, o prazo de atuação da FN poderá ser prorrogado.
A decisão foi tomada após os episódios de violência registrados e à dificuldade das forças locais combaterem sozinhas o crime organizado. Também foram consideradas a gravidade dos fatos, a necessidade de manutenção da segurança pública e o dever das forças policiais federais e estaduais de, por ação integrada, proteger a população civil e o patrimônio público e privado de novos incidentes.
Segundo a portaria, foi determinado que as polícias federais intensifiquem as ações de prevenção e repressão ao crime organizado e que o Depen preste todo o apoio necessário para as ações de segurança pública no estado. A forma de atuação será definida pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Os ataques foram feitos após a declaração do novo secretário de Administração Penitenciária do Estado, Luís Mauro Albuquerque, de que não reconhece facção criminosa no Ceará. Ele confirmou que a divisão de presos por unidades não irá mais obedecer a distribuição por vínculos com organizações criminosas.
O governador Camilo Santana, que assumiu na terça-feira o segundo mandato, para o qual foi reeleito em outubro de 2018, havia dito em janeiro do ano passado que das 441 mortes registradas nos primeiros 29 dias de 2018, 84% eram vinculadas às facções criminosas. O principal grupo criminoso do Ceará é o GDE (Guardiões do Estado).