Segunda Turma do STF desarquiva inquérito sobre Aécio Neves

Julgamento havia começado ainda em setembro

Deputado teve crise de apendicite e foi submetido a operação durante as férias, em Florianópolis | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Deputado teve crise de apendicite e foi submetido a operação durante as férias, em Florianópolis | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje desarquivar o inquérito que trata das investigações sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG), suspeito de participar de irregularidades em Furnas, subsidiária da Eletrobras em Minas Gerais. O placar ficou em 3 votos a 2.

Com a decisão, a Procuradoria-Geral da República (PGR) vai ter 60 dias para concluir diligências pendentes e também se manifestar sobre o arquivamento da investigação.

Os ministros julgaram um recurso da PGR contra decisão individual do ministro do STF Gilmar Mendes que determinou o arquivamento da investigação. A decisão divergiu do entendimento da procuradoria, que pediu a remessa do inquérito para a Justiça Federal do Rio de Janeiro.

O julgamento começou em setembro, quando houve um empate em 2 a 2 na votação, suspensa por um pedido de vista do ministro Ricardo Lewandowski. Ao retomar o caso nesta tarde, o ministro votou para que os autos sejam encaminhados à PGR.

Na sessão anterior, os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli manifestaram-se pelo arquivamento e Edson Fachin e Celso de Mello, pelo envio do processo para a Primeira Instância da Justiça, como defendeu a PGR.

Ao determinar o arquivamento, Gilmar Mendes levou em conta um relatório da Polícia Federal (PF) que concluiu pela falta de provas da participação de Aécio Neves em um suposto esquema de corrupção na estatal do setor elétrico.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, após a tomada de depoimentos de políticos de oposição e delatores, foi possível concluir que “inexistem elementos que apontem para o envolvimento” do senador. “A partir do conteúdo das oitivas realizadas e nas demais provas carreadas para os autos, cumpre dizer que não é possível atestar que Aécio Neves da Cunha realizou as condutas criminosas que lhe são imputadas”, cita o relatório da PF.

A investigação começou em 2016, a pedido do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para apurar o suposto cometimento dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Na prática, a decisão de hoje permite, ainda, que a PGR investigue informações bancárias no exterior relacionadas ao senador tucano. Os dados foram obtidos por meio de um acordo de cooperação firmado em agosto de 2017 pela Procuradoria com autoridades do Principado de Liechtenstein, na Europa.

Defesa
Em nota, a defesa do senador Aécio Neves afirmou que confia no arquivamento da investigação.

“Após dois anos de investigação, tanto a PF [Polícia Federal] como dois ministros da Turma entenderam inexistir qualquer elemento contra o senador, tendo se manifestado pelo arquivamento imediato do inquérito. A defesa confia que, ao final, a decisão pelo arquivamento irá prevalecer”, cita a nota.