Hoje vou assuntar sobre uma pessoa especial para todos nós aqui da Rádio Guaíba: Orestes de Andrade. Para quem não sabe, ele já exerceu várias funções no rádio… uma delas inusitada: narrador de comício.
Toda vez que ele assoma na entrada da Redação é uma festa. Cantando aquelas bobajadas que só nós podemos ouvir porque seria impróprio para menores… nem posso contar no ar porque a censura pegaria, sempre com uma história engraçada na ponta da língua. Finge que fala com altas personalidades ao telefone, negocia sua contratação com outras emissoras, tudo brincadeira! Ele é daquelas pessoas – “meu tipo inesquecível” – pois se não vem, a gente sente a falta. É o único além de mim que não pode tirar férias ( segundo o pessoal daqui). Eu porque faço, segundo os colegas, o melhor café, e ele, pela personalidade, carisma e alegria contagiante.
Entre os mais variados assuntos, fazendo vozes caricatas, Orestes sempre inventa uma historinha de um parente, de um ex-colega aumentando sempre um pouco bastante e a gente sabe, mas morre de rir.
Dizem que era muito namorador quando gurizote, tiroteava além das próprias primas as primas dos outros também, até que um dia encontrou o grande amor de sua vida e sossegou o facho. Orestes tem três filhos, dos quais muito se orgulha… mais o Chopp… O Chopp, que é um Goldretriver muito amado e companheiro do Orestinho, como assim o chamamos aqui na Rádio Guaíba.
Narrador dos melhores, profissionalíssimo é um exemplo para aqueles que querem soltar a voz e abrir o bico pelas ondas do rádio. Recentemente foi homenageado pela Associação dos Ex-Atletas de Santo Ângelo. O evento reuniu esportistas profissionais e amadores das mais diferentes modalidades esportivas, assim como dirigentes de clubes, desportistas, torcedores e a imprensa santo-angelense.
Dizem que o Orestes de Andrade, em priscas lá em Santo Ângelo, seu torrão natal, entre tantas funções que os antigos radialistas exerciam no interior, foi um excelente animador de comício. Pois a função do dito cujo era deixar o povo em ponto de bala para que o candidato que ocupasse a tribuna fosse ovacionado ou ovo acionado. Dependia do quanto se esforçava o famoso narrador.
Num desses comícios, em que o candidato de nome um tanto quanto esquisito era “João Vaca”, lá estava o Orestes com sua voz potente fazendo loas ao famoso pretendente ao cargo de edil, quando um borracho não menos conhecido do povo – o Adão Cachaça – começou a gritar impropérios contra o vivente que se esforçava para angariar votos.
Orestes não teve dúvida, chamou o mandalete (guri de recados) e deu-lhe três contos de réis e lhe disse: Tchê Zionabre, me vai no bolicho do Arnóbio e me compra uma garrafa de canha e sampa nas goelas do Adão Cachaça. Foi bater e valer! Não deu outra! De já hoje o borracho mudou o penteado e se aprumou “- Viva o João Vaca! Esse é dos buenos! Deixa de ser babaca, e vota no Adão Vaca!”.
Garanto que vocês não sabiam desse outro lado do Galo Missioneiro – animador de comício, contador de causos, cantor e, com certeza, um dos nossos mais destacados narradores de futebol.