Após mais um caso de agressão a professores na rede municipal de ensino da Capital, o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) afirmou, nessa manhã, que a responsabilidade pela escalada de violência nas escolas da cidade é do Executivo municipal. Conforme Jonas Reis, diretor-geral da entidade, “as escolas sofrem com a má gestão da Secretaria de Educação”. O gestor estima que a comunidade escolar não compreende que a falta de professores e de estrutura é responsabilidade da Prefeitura e não dos docentes ou das direções de escola.
“O horário pedagógico servia de instrumento para dialogar sobre o comportamento dos alunos do ponto de vista da disciplina e do aprendizado”, prosseguiu Jonas, afirmando ainda que “esses encontros serviam para os professores trocarem informações sobre o comportamento dos alunos e organizar as aulas da semana seguinte”. Os encontros pedagógicos foram extintos na gestão Marchezan.
Além disso, os municipários relataram a retirada dos Guardas Municipais do entorno das escolas da rede. Segundo Jonas, a presença dos agentes de segurança “construía um sistema simbólico de respeito.” Agora, a entidade sustenta que apenas a presença de um zelador, inserida no mês passado, não resolve a questão. “Isso tudo está gerando conflitos e está estourando no lado do mais fraco: do aluno, do professor”, finalizou.
Por fim, Jonas afirmou que “Marchezan cerceia a cidadania de Porto Alegre ao direito da escola pública”, ressaltando que “os cidadãos pagam impostos e têm direito a receber o retorno com uma educação de qualidade.” Ele reforçou que é preciso suprir a demanda de professores nas escolas, inserir política de prevenção ao ódio e à violência, e criar uma política integradora entre saúde, educação e assistência social. “É preciso restabelecer instrumentos pedagógicos de aproximação da comunidade escolar, entre alunos, professores e principalmente a família. É preciso reabrir a escola para a comunidade escolar, mas isso só se faz com assessoria pedagógica, concurso público, nomeação de professores e políticas públicas de combate à violência no ambiente escolar. É preciso respeitar os professores”, encerrou.
Cpers também se manifestou
Já o Cpers Sindicato, que representa os professores estaduais, voltou a afirmar que o Brasil vem tomando o professor por inimigo. Para a presidente do sindicato, Helenir Schüerer, é preciso alertar a sociedade de que se vive um momento “muito perigoso”. A professora fala que “quando o mandatário do país eleito tira como inimigo o professor, a consequência é essa: se já sofremos violências quase que diárias da falta de limites de alunos, que deveriam ser dados pela família. Só vai piorar”.
Helenir ainda argumenta que as agressões são reflexo de quem hoje estimula o desrespeito aos professores. “Os pais que dizem que os professores doutrinam em sala de aula deveriam ter vergonha na cara e acompanhar mais seus filhos na escola, pois afirmar isso é sinal que nunca foram até lá”, desabafou. Por fim, declarou que “vivemos tempos perigosos, e pedimos que aqueles que governam e aqueles que irão assumir repensem as suas práticas e respeitem os professores, porque pobre do país que tira o professor para ser seu inimigo número 1. A consequência disso será o fracasso total da nossa nação”.
O que disse a Prefeitura
O prefeito Nelson Marchezan Jr. lamentou a agressão em redes sociais: “Quero registrar a nossa lástima pelo ocorrido ontem à noite, mais uma vez uma agressão a uma servidora, uma professora, cidadã da nossa cidade. Lamento o ocorrido, esse clima de violência deve ser efetivamente combatido e repudiado de todas as formas”, disse no Twitter. Já a Secretaria Municipal de Educação se pronunciou através de nota:
“A Secretaria Municipal de Educação (Smed) tomou conhecimento, na noite desta quarta-feira, de um caso de agressão ocorrido em frente à Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Grande Oriente, no bairro Rubem Berta, zona Norte da Capital. A professora, que foi agredida enquanto exercia as suas funções de coordenação, foi acompanhada pela Guarda Municipal para receber o atendimento necessário e registrar boletim de ocorrência. A Smed repudia e considera inaceitáveis atos de agressão na comunidade escolar e segue comprometida em promover um ambiente de paz nas escolas.”