A Arena viveu uma de suas noites mais tristes nesta terça-feira. Mesmo com a vantagem de ter vencido em Buenos Aires o jogo de ida da semifinal da Libertadores da América, o Grêmio foi derrotado, de virada, pelo River Plate por 2 a 1e está fora da final da Libertadores da América. O tão sonhado tetracampeonato foi adiado. O clube precisa, agora, reunir forças para lutar por uma vaga no torneio sul-americano entrando no G4 do Brasileirão.
O primeiro gol argentino saiu penas aos 36 com Borré, de cabeça. Três minutos depois, em um lance com ajuda do VAR, o árbitro Andrés Cunha marcou pênalti por desvio no braço de Bressan após chute de Scocco. Após 8 minutos de discussão, Pity Martinez bateu sem chances para Marcelo Grohe e marcou o gol da classificação argentina.
Classificado, o River Plate espera pelo vencedor do confronto entre Boca Juniors e Palmeiras, que se enfrentam nesta quarta-feira, às 21h45min, no Allianz Parque. O time argentino está em vantagem por ter vencido o jogo de ida por 2 a 0 na Bombonera
Panorama tático
O técnico Renato Portaluppi manteve o esquema 4-1-4-1 do jogo de ida em Buenos Aires. A única mudança na equipe ocorreu na defesa, onde Paulo Miranda substituiu o suspenso Kannemann. A entrada de Paulo Miranda na zaga alterou o posicionamento de Geromel, que passou a atuar pela esquerda. No River, Marcelo Gallardo mexeu bastante em relação à primeira partida. Foram duas mudanças em nomes: Nacho Fernández e Pratto nos lugares de Pity Martínez e Scocco. O técnico argentino alterou o posicionamento da equipe, montando um tripé no meio-campo com Ponzio, Nacho e Palacios atrás do trio Quintero, Borré e Pratto.
River pressiona, mas Grêmio aumenta vantagem no primeiro tempo
A formação deu maior poder de posse de bola ao River Plate, que controlou quase todo o primeiro tempo. Depois de ter perdido em casa por 1 a 0, os argentinos precisavam da vitória na Arena e tiveram uma postura altamente ofensiva. A principal jogada buscada era pelo lado direito com as combinações de Nacho Fernández e Juan Quintero. Em um lance assim, os Millonarios tiveram a primeira oportunidade logo a um minuto com Borré, que apareceu livre na área, mas pegou mal no chute cruzado e mandou para fora.
O River Plate seguiu pressionando e teve dois chutes perigosos de fora da área em sequência. Aos 23, Marcelo Gallardo perdeu uma de suas peças mais importantes, o capitão Ponzio, que sentiu lesão. Enzo Pérez entrou na equipe e levou o cartão amarelo logo em sua primeira jogada por parar Alisson com falta. A troca fez mal ao Rier, que perdeu poder de marcação no meio-campo.
A melhor chance argentina na primeira etapa veio aos 27 minutos. Após uma troca de passes, a bola sobrou para Palacios na entrada da área, o volante bateu colocado procurando o ângulo e a bola passou perto. Marcelo Grohe sentiu a superioridade a aproveitou o lance para cair e forçar a entrada dos médicos para esfriar a partida.
O jogo tinha um panorama talvez nunca visto na Arena, o Grêmio era completamente dominado. O Tricolor chegou aos 30 minutos com apenas 27% de posse de bola e nenhuma chance de gol criada. Foi aí que entrou o que o torcedor tricolor tanto gosta, uma misto de mística copeira com estrela de Renato Portaluppi.
Aos 36 minutos, o Grêmio teve um escanteio pelo lado direito. Alisson bateu por baixo uma bola que foi mal desviada pela defesa e sobrou para Léo Gomes. O lateral, que ganhou a confiança de Renato Portaluppi e deixou Léo Moura no banco, acertou um chute cruzado para vencer Armani e abrir o placar na primeira finalização tricolor na partida. O Grêmio, assim, dobrava sua vantagem e dava um passo enorme para a final levando ao delírio os mais de 52 mil gremistas na Arena.
O gol de Léo Gomes fez o Grêmio ir com vantagem para o intervalo, que teve confusão. O motivo foi que o técnico Marcelo Gallardo, suspenso pela Conmebol, desceu dos camarotes e foi para o vestiário conversar com seus jogadores, o que não era permito. A atitude gerou revolta nos dirigentes tricolores.
Grêmio volta melhor para o segundo tempo, mas não mata o jogo
Além da conversa, Gallardo mexeu no seu time para o segundo tempo. Pity Martínez entrou no lugar de Nacho Fernández, o que era uma estratégia para tornar a equipe mais ofensiva. Renato Portaluppi voltou com o mesmo time, mas mexeu cedo. Aos 8, Everton foi chamado para entrar no lugar de Maicon. A troca até surpreendeu por ser ofensiva, mas era uma ideia de ganhar maior velocidade para o contra-ataque diante de um River que certamente iria se abrir.
E Everton entrou bem no jogo. Em sua primeira jogada, ele driblou três jogadores do River e levantou a torcida na Arena. Na sequência, arriscou um chute de fora da área e obrigou Armani a fazer uma defesa difícil.
A melhora do Grêmio levou o River Plate a fazer a última troca. O atacante Scocco entrou no lugar do meia Juan Quintero. A equipe argentina ficou ainda mais ofensiva e deu mais espaços. Aos 21, Everton teve uma grande chance para matar o jogo em um contra-ataque. Ele saiu na cara de Armani, mas perdeu um gol que o torcedor gremista não está mais acostumado a ver, o chute saiu em cima do goleiro, que defendeu com o pé.
Virada do River no final
Aos poucos, o jogo foi caindo de ritmo. O River parecia não ter forças para atacar e o Grêmio diminuiu o ímpeto de seus contra-ataques. O Tricolor encaminhava sua classificação quando perdeu Paulo Miranda. O substituto de Kannemann, que fazia boa partida, sentiu lesão e teve de sair. O contestado Bressan entrou em seu lugar.
E a partir daí a história mudou. Bressan que tantas vezes havia errado dessa vez foi mais vítima que vilão. Logo em sua primeira participação no jogo levou amarelo junto com Pinola em uma confusão antes da batida de um escanteio. Aos 36, o River Plate, que mal conseguiu atacar, empatou a partida com Borré.
O time argentino ficou então a um gol da classificação e aos 39 minutos aconteceu o lance decisivo. Scocco recebeu na entrada da área e chutou uma bola que desviou em Bressan. Era escanteio, mas o VAR foi acionado. Andrés Cunha foi avisado de que a bola havia batido na mão de Bressan e o pênalti marcado. O zagueiro, que estava há apenas 17 minutos foi expulso. Após muita confusão, Pity Martínez sem chances para Grohe e virou o placar.
O Grêmio até tentou pressionar nos minutos finais, mas não dava mais. A Arena viu o Grêmio ser eliminado pelo River Plate após uma virada inesperada. O final de jogo foi de festa argentina em Porto Alegre.
Semifinal da Libertadores – jogo de volta
Grêmio 1
Marcelo Grohe; Léo Gomes, Paulo Miranda (Bressan), Geromel e Cortez; Michel; Ramiro, Maicon (Cícero), Cícero e Alisson; Jael (Thonny Anderson). Técnico Renato Portaluppi.
River Plate 2
Armani; Montiel, Maidana, Pinola, Casco; Ponzio (Enzo Pérez), Palacios, Nacho Fernández (Pity Martínez), Juan Quintero (Scocco); Lucas Pratto e Borré. Técnico: Marcelo Gallardo.
Gols: Léo Gomes (36min/1T); Borré (36min/2T), Pity Martínez (50min/2T)
Cartões amarelos: Paulo Miranda, Bressan, Cícero, Marcelo Grohe (GRE); Enzo Pérez, Pinola, Pity Martínez (RIV)
Cartão vermelho: Bressan (GRE)
Árbitro: Andrés Cunha (URU)