O economista Paulo Guedes, principal assessor econômico do presidente eleito Jair Bolsonaro, defendeu a aprovação da proposta de reforma da Previdência que tramita no Congresso Nacional ainda em 2018. O economista frisou que sempre deu apoio à reforma antes de passar a coordenar o programa econômico de Bolsonaro e que não pretende mudar de ideia. Segundo Guedes, porém, novas reformas serão necessárias no próximo governo. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
“Trabalharam dois anos nessa reforma. Passei dois anos dizendo: ‘aprovem a reforma da Previdência’. Evidente que não posso, só agora que passei para o governo, dizer ‘não aprovem a reforma da Previdência'”, afirmou Guedes, em entrevista a jornalistas pouco antes de entrar na casa do empresário Paulo Marinho, no Rio, onde está se reúne com Bolsonaro.
Segundo Guedes, um novo sistema vai ser proposto para as futuras gerações. “Vamos criar uma nova Previdência com regime de capitalização, mas existe uma Previdência antiga que está aí. Então, além do novo regime trabalhista e previdenciário que devemos criar para as futuras gerações, temos que consertar essa que está aí”, disse o economista.
O assessor de Bolsonaro não detalhou negociações com o governo Michel Temer em torno da aprovação da atual proposta de reforma da Previdência como está no Congresso. Para retomar a reforma da Previdência ainda este ano, o governo precisa suspender a intervenção federal na área de segurança pública do Estado do Rio.
Guedes disse apenas que já se reuniu com o secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, a quem chamou de “excelente técnico”, para examinar a proposta atual.
Guedes deu entrevista por quase meia hora, na frente da casa de Marinho, uma mansão no Jardim Botânico, zona sul carioca. Ao chegar para a reunião, Gustavo Bebianno, ex-presidente do PSL e um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro, também defendeu a reforma da Previdência. Segundo Bebianno, a proposta atual é melhor do que nada.
Líderes de bancada dizem ser baixa a possibilidade
Líderes de bancada da Câmara ouvidos pelo Estadão, porém, disseram ser baixa a possibilidade de a Casa aprovar qualquer mudança sobre Previdência ainda em 2018. O calendário apertado, a complexidade da matéria e o acúmulo de outras propostas essenciais na pauta devem impedir o avanço do tema ainda nesta legislatura, dizem os parlamentares.
O líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), disse que o calendário é muito apertado e a matéria é complexa. “Vai exigir um esforço conjunto muito grande para isso poder acontecer”, disse. O líder do PPS, deputado reeleito Alex Manente (SP), disse que não há “condições de se votar a Reforma da Previdência na Câmara ainda neste ano”.
Para ele, não há possibilidade nem de se passar um texto reduzido ou com alterações sobre a proposta. “Se ficou empatado até agora não vai passar e se for um texto muito reduzido não resolve o problema da Previdência”, afirmou o líder do partido que elegeu oito deputados federais e dois senadores neste ano. O líder do PT na Casa, Paulo Pimenta (RS), também não acha possível passar o projeto neste ano.
Nessa segunda-feira, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que vai trabalhar pela aprovação de pelo menos parte da reforma da Previdência enviada pelo presidente Michel Temer, embora ainda enfrente resistências dentro da própria equipe. A declaração do presidente eleito vai na contramão do que disse o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que descarta seguir com a reforma previdenciária proposta por Temer.