A Polícia Civil divulgou na manhã desta quarta-feira o laudo pericial que sugere que a jovem que registrou Boletim de Ocorrência alegando ter sido agredida por três homens na noite de 8 de outubro no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, se automutilou. Segundo relatório elaborado a pedido da Polícia, as lesões foram produzidas “ou pela própria vítima ou por outro indivíduo com o consentimento da vítima ou, pelo menos, ante alguma forma de incapacidade ou impedimento da vítima em esboçar reação”.
De acordo com a perícia, os traços foram produzidos de forma cuidadosa e superficiais na região da barriga da mulher de 19 anos. Outro item que chamou a atenção da Polícia foi a ausência de escoriações e hematomas em outras partes do corpo dela.
Segundo o responsável pela 1ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, Paulo Jardim, o procedimento será encaminhado ao Poder Judiciário e a jovem responderá por falsa comunicação de crime. “Nós tínhamos uma vítima que se negava, inclusive, a fazer exame de lesão; uma vítima que se negava a prestar depoimento; uma vítima que não queria nem registrar ocorrência e só registrou a pedido de uma amiga que queria fazer uma matéria para o Facebook”, relatou o delegado.
Jardim descartou qualquer vinculação política da jovem. Ele afirmou, ainda, que a estudante sofre de transtornos mentais. “A vítima tem problemas psiquiátricos históricos. Ela já tem acompanhamento há algum tempo e, neste momento, toma uma série de remédios”, concluiu.
Nas investigações, a polícia mapeou toda a região por onde a jovem alegou ter passado na noite do suposto ataque. Foram verificadas 12 câmeras de videomonitoramento. Nas imagens, a Polícia não encontrou nenhum registro de agressão e sequer aparecia imagens da jovem, o que levou à conclusão de que ela não esteve no local e no horário em que o ataque teria acontecido. A Polícia também ouviu, aproximadamente, 20 pessoas, entre moradores, comerciantes e guardadores de carros da região e nenhum deles viu o suposto ataque.
Para o diretor do Departamento Médico Legal do Instituto Geral de Perícias (IGP), Luciano Haas, a imagem semelhante a uma suástica nazista pode ter sido feita em frente ao espelho. “Fazendo a suástica no espelho, daria o símbolo invertido, que lembra o símbolo budista. Mas isso não tem como afirmar isso”, explicou o legista.
Se o poder judiciário confirmar o crime de falsa comunicação, a pena vai de 6 meses a um ano de detenção.
O caso veio à tona no dia 10 de outubro após uma amiga da jovem de 19 anos publicar nas redes sociais as fotos do suposto ataque. No BO, a mulher registrou que os homens teriam questionado ela sobre o motivo do uso da camiseta com o adesivo “Ele Não” e, na sequência, teriam a atingido com socos. A estudante afirmou ainda que enquanto dois deles teriam a segurado, o terceiro teria feito riscos com um canivete na região da barriga dela.