Mesmo sendo um país cuja população é majoritariamente feminina, a representação no Legislativo segue distante da paridade no Brasil. No pleito de 2018, os gaúchos elegeram apenas três mulheres para as 31 vagas na Câmara dos Deputados e nove para a Assembleia Legislativa, num total de 55 cadeiras em aberto. No comparativo com a atual legislatura, são duas mulheres a mais em Brasília e o mesmo número para o Parlamento gaúcho.
Fernanda Melchionna, do PSol, obteve 114.302 votos e conquistou o oitavo lugar na contagem geral, sendo a mulher mais votada para a Câmara dos Deputados. “Antes mesmo de assumir, estamos na luta contra a barbárie, ainda me sinto em campanha”, declarou nesta terça-feira em entrevista à Rádio Guaíba, criticando o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. “O PSL foi o partido mais fiel ao governo ilegítimo do Temer, ele tem o apoio do Cunha, eles querem tirar direitos trabalhistas, isso só piora a crise”, complementou. “Nós, mulheres, somos maioria no país e ainda ganhamos menos, temos menos representatividade, e ainda somos chamadas de fraquejadas”, disse Melchionna, afirmando que deve lutar pelos direitos das mulheres.
Também criticou as fakenews, ressaltando que “esse caminho só vai levar a mais ódio, a mais violência. Para vencer a crise é preciso mais democracia, mais inteligência nas polícias, menos privilégios para os políticos”, criticou a parlamentar. Ainda sobre a representatividade política das mulheres, garantiu que “o aumento da representatividade foi pequeno perto do que as mulheres fazem” e que “as duplas e triplas jornadas que as mulheres enfrentam fazem com que tenham menos tempo para se dedicar à política”.
Como parlamentar, diz que pretende combater os privilégios dos políticos e buscar revogar as reformas propostas e aprovadas pelo governo Temer. Fernanda Melchionna foi eleita vereadora de Porto Alegre em 2008, com 2.984 votos, reeleita em 2012, com 7.214 votos, e, em 2016, atingiu a marca de mais votada no município para a vereança, com 14.630 votos.
Já Any Ortiz, do PPS, fez 94.904 votos e conquistou o terceiro lugar na contagem geral, sendo reeleita como a candidata mais votada para a Assembleia Legislativa. Para ela, “havia a expectativa de que o número de mulheres aumentasse, ainda mais com a obrigatoriedade de destinar 30% do fundo eleitoral nessas campanhas, mas isso não aconteceu”. Além disso, criticou a divisão ideológica entre as mulheres: “muitas vezes, principalmente dentro da esquerda, elas (as mulheres) ignoram as outras, aquelas que não estejam diretamente alinhadas. Não ocorre a sororidade, o apoio mútuo para que a gente possa ocupar esse espaços”, ponderou.
Any também comentou os resultados das urnas em nível nacional. “O Brasil está mudando, a renovação está acontecendo, independente do lado para o qual ela se volta, e com essa reformulação o Congresso poderá, quem sabe, fazer as reformas que a gente tanto precisa, como a reforma política”, disse a parlamentar. Sobre novos projetos, disse que pretende atuar na educação e manter a luta por um estado mais enxuto, com menos burocracia, e pela segurança. “Temos que combater privilégios, principalmente dentro da política, a gente precisa revogar a lei que criou a aposentadoria especial, e torço que o Congresso também entre nesses temas”, criticou.
Para o segundo turno, informou que não apoia o Partido dos Trabalhadores (PT) e que ainda não tem definição sobre o apoio do partido à candidatura de Jair Bolsonaro, mas que, particularmente, vai votar no postulante do PSL. Any Ortiz iniciou na vida pública como vereadora em Porto Alegre, em 2012, sendo eleita com 5.940 votos. Em 2014 foi eleita deputada estadual pelo PPS, com um total de 22.553 votos.