Trensurb: falta de aviso deixa milhares sem transporte em terça chuvosa  

Cerca de 200 ônibus deixaram de ser acionados, mesmo após a suspensão da circulação dos trens, pela manhã

Foto: Guilherme Testa/CP

A suposta ausência de comunicação entre Trensurb, Fundação Metropolitana de Planejamento (Metroplan) e Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) pode ter sido a causa que agravou o apagão no acesso de milhares de pessoas a Porto Alegre pelo Trensurb, na manhã chuvosa desta terça-feira. De acordo com a estatal, antes das 7h um raio atingiu um cabo de suspensão da rede aérea de energia entre as estações Fátima e Canoas, o que deixou o sistema em via única. Uma hora depois, um trem apresentou falha no único trecho possível de circulação.

Pelo menos entre a Trensurb e a Metroplan, faltou aviso, segundo reconhece o diretor-superintendente da Fundação, Pedro Bisch Neto. “Houve duas falhas. Uma delas foi elétrica, devido à tempestade, e a outra de comunicação. Se tivéssemos sido comunicados do problema, pela Trensurb, teríamos acionado o plano de contingência”, disse, em entrevista para o Correio do Povo.

De acordo com ele, deixaram de ser colocados em operação cerca de 200 ônibus extras de empresas que fazem o eixo Novo Hamburgo-Porto Alegre, percorrendo a BR 116. “Mas só fomos saber após as 8h, pela imprensa. O pico do problema sério aos usuários começou antes das 7h e terminou às 9h30min”, lamentou Bisch Neto.

Explicação da Trensurb

A Trensurb dá outra versão. De acordo com a estatal, para que o plano de emergência seja acionado, é necessária a interrupção total do sistema, o que só ocorreu às 7h50min. Conforme a explicação, o plano não pode obrigar uma empresa de ônibus, por exemplo, de Novo Hamburgo a trazer passageiros a Porto Alegre, fora dos trechos do percurso que opera. Por isso, a opção do plano não chegou a ser usada.

Já a EPTC informou que não colocou ônibus extra, na Capital, pelo fato de também não ter sido acionada.

Aplicativo

Todas essas questões foram examinadas na tarde de hoje pela Trensurb, o que pode levar a propostas de mudança do plano de contingenciamento.

De acordo com a assessoria, a companhia também estuda a possibilidade de lançar um aplicativo para smartphones com o objetivo de informar os usuários dos trens. Entretanto, não há ainda prazo para que o estudo saia do papel.

Prejuízo

Diariamente, 180 mil pessoas dependem do trem para se deslocar entre Porto Alegre e Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. A empresa deve informar apenas na quarta-feira quantos passageiros foram prejudicados pela suspensão do serviço por quase cinco horas. O sistema só se normalizou perto das 12h30min.

Inconformados, passageiros ouvidos pelo Correio do Povo, pela manhã, relataram que a empresa não comunicou qual era o problema e nem deu previsão para o retorno da operação.

Moradora do bairro Mathias Velho, em Canoas, a técnica em radiologia Viviane Siqueira era passageira do trem que apresentou defeito, às 7h50min. De acordo com ela, o veículo chegou a completar a viagem, mas demorou quase 2 horas para chegar ao Centro da Capital – percurso que é realizado, normalmente, em cerca de 20 minutos.