LDO 2019 é aprovada com emendas na Comissão Mista de Orçamento

Mesmo com a oposição de categorias de servidores públicos, o relator manteve no texto dispositivo que proíbe a concessão de reajustes

A Comissão Mista de Orçamento do Congresso (CMO) aprovou, no fim da tarde desta quarta-feira, o relatório final do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019. O texto segue agora para o plenário do Congresso Nacional, em sessão conjunta que ocorre ainda hoje.

O texto passou com algumas alterações em relação ao relatório inicial do senador Dalirio Beber (PSDB-SC). A mais importante foi a redução de 10% para 5% do corte obrigatório do custeio administrativo para 2019. O custeio administrativo é composto por despesas do dia a dia do governo, como água, luz, telefone, aluguéis e diárias.

O relatório final também inseriu a obrigação de o governo reduzir em 10% os benefícios fiscais – como renúncias de impostos – no próximo ano. Atualmente, esses benefícios correspondem a 4% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país), somando cerca de R$ 300 bilhões.

O texto original estabelecia a obrigatoriedade de o governo elaborar um plano de redução de gastos tributários – como são chamados os incentivos fiscais que envolvem descontos ou renúncia de tributos – em 50% nos próximos dez anos.

Mesmo com a oposição de categorias de servidores públicos, o relator manteve no texto dispositivo que proíbe a concessão de reajustes ao funcionalismo e a criação de cargos no serviço público federal em 2019, incluindo as medidas com efeito projetado apenas para o fim de 2020.

Metas fiscais
A LDO orienta a elaboração do Orçamento do ano seguinte, com parâmetros econômicos e lista de ações prioritárias para o governo. O texto aprovado manteve a meta de déficit primário (resultado negativo nas contas do governo sem o pagamento dos juros da dívida pública) em R$ 132 bilhões (1,75% do PIB) para União, estados, municípios e estatais. Desse total, a meta para a União é de déficit de R$ 139 bilhões e, para as estatais federais (desconsiderando os grupos Petrobras e Eletrobras), de mais R$ 3,5 bilhões.

O resultado negativo é parcialmente compensado pelo superávit de estados e municípios, estimado em R$ 10,5 bilhões.

Para 2018, a LDO estima déficit primário de R$ 161,3 bilhões para União, estados, municípios e estatais, dos quais R$ 159 bilhões negativos correspondem somente ao governo federal.

Regra de ouro
Em relação à regra de ouro, que estabelece que o governo não pode emitir dívida pública para financiar gastos correntes (como custeio, Previdência e salários do funcionalismo), o relator manteve o dispositivo da LDO que autoriza o governo a enviar ao Congresso um projeto de crédito extraordinário para autorizar a emissão de títulos em caso de descumprimento da regra.

A Constituição dá prerrogativa ao governo de pedir o crédito extra, que precisa ser aprovado por maioria absoluta. No entanto, o relator incluiu a obrigação de o governo indicar os gastos a serem financiados pelas novas dívidas, que serão discriminados em uma rubrica específica e acompanhados pelo Tribunal de Contas da União.