Marchezan: cobrança de R$ 180 mil para Feira do Livro é “grande mal entendido”

Valor deve ser revisto e processo segue em andamento, garantiu o prefeito de Porto Alegre

Foto: Alina Souza

Em entrevista para o programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, lamentou o que chamou de “mal entendido” criado entre as informações que circularam sobre a possível cobrança de R$ 180 mil para que a Feira do Livro utilize a Praça da Alfândega. É a primeira vez, conforme o presidente da Câmara Riograndense do Livro, Isatir Antonio Bottin Filho, que uma taxação desse montante ocorre em 64 anos de exposições.

Marchezan explicou, porém, que o valor leva em conta todos os aspectos analisados até o momento a partir do impacto do uso da praça pelos 17 dias de feira e 50 dias de montagem e desmontagem. O que não quer dizer, segundo ele, que esse seja o valor definitivo a ser cobrado.

Conforme Marchezan, após a criação do Escritório de Eventos, todas as atividades que ocuparem espaços públicos na cidade devem passar pela análise do órgão Por meio de um processo eletrônico, encaminhado a todas as secretarias relacionadas à atividade, é gerado um boleto com os custos dos serviços, como limpeza, coleta de lixo e orientação de trânsito, por exemplo.

O presidente da Câmara do Livro disse, ao fim da entrevista com o prefeito, estar aliviado por saber que o valor pode não ser exatamente o que havia sido cobrado inicialmente.

Cobrança

Bottin Filho confirmou ontem o recebimento de um boleto com a cobrança de R$ 180 mil, valor referente ao uso da Praça da Alfândega pelos dias de montagem, realização e desmontagem da feira. O Escritório de Eventos pode cobrar por qualquer evento realizado na Capital com base em um decreto de 2012.

Na edição anterior, os livreiros já haviam criticado a cobrança feita pela Prefeitura para a varrição da praça durante a montagem e no pós evento.

Bom senso

Consultado ontem pela reportagem, o secretário da Cultura de Porto Alegre, Luciano Alabarse, disse que a cobrança de R$ 180 mil extrapola as possibilidades dos expositores. Ele reiterou que esse valor não é definitivo e ainda vai ser discutido.

“Certamente vou defender uma absoluta compreensão de que nenhum evento cultural pode arcar com custos além das suas possibilidades”, afirmou Alabarse. Para ele, cada caso deve ser analisado separadamente. “Cada situação é uma situação. A questão normativa não pode incorrer numa generalização que atropele a realidade de cada evento. É o bom senso que tem que nortear tudo o que perpassa essa questão”, defendeu.