PF apura novo elo em obra de filha de Temer

Despesas foram pagas em dinheiro vivo pela esposa do coronel João Baptista Lima

Michel Temer. Foto: César Itiberê / PR / CP

Alvo de investigações por ter atuado como suposto operador do presidente Michel Temer em esquemas de corrupção, o coronel João Baptista Lima, amigo do emedebista há mais de 30 anos, tornou-se personagem de uma nova frente de apuração da Polícia Federal. Nas últimas semanas, os investigadores passaram a trabalhar, segundo o jornal O Globo, para estabelecer um elo entre Lima e Temer em um enredo que mistura propina em contratos públicos e a reforma de um imóvel da família do presidente.

No último mês, os investigadores do inquérito dos portos – que apura se Temer beneficiou empresas de Santos (SP) em troca de propina – debruçaram-se sobre a proposta de delação premiada do empreiteiro Antunes Sobrinho, dono da Engevix, condenado a oito anos de prisão na Operação Lava Jato. O acordo de Sobrinho com a Procuradoria-Geral da República não vingou, mas agora o empresário tenta uma nova negociação, desta vez com a PF.

Nas últimas semanas, Sobrinho abriu nova conversa com policiais e se dispôs a detalhar os contatos com o coronel Lima e fornecer documentos que comprovem o relato de que o coronel agiu como operador de Temer. Aparentemente, a propina milionária na Eletronuclear não teve qualquer ligação com os benefícios proporcionados por Lima a familiares de Temer, investigado no caso dos Portos. Os agentes, no entanto, encontraram o possível elo.

A empresa PDA Projetos, aberta no nome de Lima e da mulher dele, Maria Rira Fratezi, foi usada pelo casal para receber a suposta propina de Antunes Sobrinho. Com os cofres da PDA fornidos, Maria Rira decidiu bancar uma reforma na casa de Maristela Temer, em São Paulo. As despesas foram pagas em dinheiro vivo pela esposa do coronel. Temer sempre negou qualquer irregularidade nas relações com o coronel.