O presidente Michel Temer disse hoje que o governo “espremeu” todos os recursos para a atender as demandas dos caminhoneiros. Em entrevista ao programa Cenário Econômico, da TV Brasil, ele disse que não há mais o que negociar com a categoria e projetou o fim da paralisação até amanhã – estimativa que já havia feito ontem, em relação a esta terça.
“Fizemos o que foi possível. Esprememos todos os recursos governamentais para atender os caminhoneiros e para não prejudicar a Petrobras. A essa altura não temos mais como negociar, o que fornecer”. O presidente citou ainda a determinação de algumas entidades representantes de caminhoneiros para a categoria voltar ao trabalho.
Mais cedo, Temer e os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), divulgaram nota conjunta conclamando os caminhoneiros a suspenderem as paralisações. O comunicado sustenta que Executivo e Legislativo se comprometem a “aprovar e colocar em prática, no menor tempo possível, todos os itens do acordo”.
Temer, Eunício e Maia também advertem para a “necessidade de abastecer todos os setores da economia” e pedem que a manifestação não adote tom político.
Gilmar Mendes fala que houve “crime”
Já o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que houve crime na paralisação de caminhoneiros, que completou nove dias nesta terça. Em conversa com jornalistas antes da sessão da Segunda Turma da Corte, Gilmar considerou justas as reivindicações da categoria, mas disse que não podem levar o país ao caos.
Ele criticou os juízes de primeira instância,que rejeitaram pedidos de liminar para desbloqueio das rodovias no início da paralisação, além da Procuradoria-Geral da República. Para o ministro, as instituições do país falharam ante a mobilização.
“Agora, uma estranha ausência nesse cenário. Não vi uma manifestação da Procuradoria-Geral do Trabalho. Nenhuma manifestação da Procuradoria-Geral da República, que é muito ativa em outros temas. Porque aí se cometeu crime. O crime nas rodovias federais, o crime de desabastecimento. Então, muitas instituições falharam”, afirmou.
Mais cedo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que a paralisação de caminhoneiros “já atinge direitos fundamentais no país” e comunicou aos conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público (CMNP) a criação de um comitê de acompanhamento das consequências da paralisação. Segundo Raquel Dodge, o MP “está atento” a abusos decorrentes da greve.