Justiça rejeita pedidos de prisão por locaute feitos pela PF

Governo está certo de que donos de transportadoras também estiveram à frente da paralisação

Foto: Alina Souza/CP

A Polícia Federal já abriu 48 inquéritos para investigar a ocorrência de locaute na paralisação dos caminhoneiros e encaminhou vários pedidos de prisão, mas todos até agora foram negados pela Justiça, conforme apuração da Agência Brasil. O locaute ocorre quando o patrão usa o trabalhador para obter vantagens financeiras. A ilegalidade é punível com prisão e multa. Por conta desses inquéritos, o governo está certo de que donos de transportadoras também estiveram à frente da paralisação.

Os investigadores identificaram que a logística para planejar e manter uma paralisação nacional que já se aproxima a dez dias, ainda que com menor força, foi muito bem-executada. Os principais entrocamentos rodoviários chegaram a ser fechados, bem como todos os corredores de acesso a aeroportos e refinarias. A rede de suprimentos para os caminhoneiros em greve também se mostrou organizada.

Está sendo apurada ainda a ação de infiltrados, já identificados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) com auxílio dos serviços de inteligência, como informou ontem o diretor-geral do órgão, Renato Dias. O governo voltou a ressaltar esse fato na entrevista de hoje. Na segunda-feira, o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, denunciou que grupos políticos ameaçaram caminhoneiros que queriam voltar ao trabalho e forçaram a manutenção da paralisação. O objetivo dessas ações, informou a Abcam, é prejudicar a estabilidade do governo.

A investigação é uma das linhas de atuação do governo federal nesses nove dias de movimento. A outra diretriz é abertura dos corredores de abastecimento para permitir a viagem de comboios, sob escolta da PRF e das Forças Armadas, com combustíveis, insumos para usinas termelétricas, estações de tratamento de água e hospitais, além de alimentos, medicamentos e rações para animais.

A primeira linha de atuação foi a negociação com os grevistas – ação prioritária, considerada já concluída pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Mas o governo sustenta que o diálogo continua aberto com os motoristas autônomos, cujos representantes se disseram satisfeitos com as medidas efetivadas até o momento.