Caminhoneiros: com empresas investigadas pela PF, sindicato do RS rechaça suspeita de locaute

Setcergs garante que não participou do movimento grevista, dos bloqueios de rodovias e nem dos atos de violência registrados no Rio Grande do Sul

Foto: Alina Souza/Correio do Povo

O Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs) divulgou, nessa segunda-feira, um comunicado em que rechaça a possibilidade de locaute para a greve dos caminhoneiros, que completa nove dias nesta terça. Nesse domingo, a Polícia Federal revelou que abriu 37 inquéritos, em 25 estados, para investigar se houve apoio de empresas de transporte à paralisação dos trabalhadores. O chamado locaute é ilegal e punível com prisão e multa.

Caso comprovadas, podem se enquadrar na prática de locaute, de acordo com o ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, situações como a não permissão ou a não mobilização de motoristas para a entrega de cargas e o suporte, financeiro ou com fornecimento de alimento ou ordem, para que os motoristas permaneçam em greve.

Na nota, assinada pelo presidente Afrânio Kieling, o Setcergs garante que não participou do movimento grevista, dos bloqueios de rodovias e nem dos atos de violência registrados no Rio Grande do Sul. A entidade também sustenta que não incentivou a adesão de empresas transportadoras à paralisação, ainda que “considere justas as reivindicações dos caminhoneiros, sobretudo pelo preço elevado dos combustíveis e pela defasagem do preço dos fretes”.

O sindicato cita, ainda, que transportadoras associadas sofreram ataques contra motoristas e caminhões ao tentarem transpor piquetes, e que algumas seguem com veículos e trabalhadores retidos nas estradas, contra a vontade das direções. O Setcergs também relata que as associadas não vêm conseguindo atender os contratos de transporte, “nem mesmo amparadas por decisões judiciais e por escolta policial”.

A entidade ainda pondera que cabe às transportadoras zelar pela integridade física dos motoristas, assim como das cargas, de maneira que não pode “exigir que afrontem” os piquetes da greve. Veja o comunicado, na íntegra, abaixo:

A PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS E AS EMPRESAS DE TRANSPORTE

Em face do movimento grevista dos caminhoneiros, e de ter tido seu nome citado em matérias jornalísticas da imprensa nacional, o SETCERGS vem a público esclarecer que:

a) Não participou da organização do aludido movimento; jamais teve parte na organização de bloqueios de rodovias e de atos de violência;

b) Não promoveu ações com o intuito de incentivar a adesão de empresas transportadoras à paralisação, ainda que considere justas as reivindicações dos caminhoneiros, sobretudo pelo elevado preço dos combustíveis e pela defasagem do preço dos fretes.

O SETCERGS tem conhecimento de que transportadoras associadas sofreram violentos ataques contra seus motoristas e caminhões, ao tentarem transpor piquetes. Outras transportadoras tem caminhões e motoristas retidos nas estradas, contra sua vontade. As empresas associadas ao SETCEGRS não estão conseguindo atender seus contratos de transporte, nem mesmo amparadas por decisões judiciais e por escolta policial.

Importante salientar que as transportadoras são responsáveis pela integridade física de seus motoristas, bem como pela integridade das cargas que transportam, de maneira que, não se lhes pode exigir que afrontem os piquetes paredistas.

O SETCERGS espera que o acordo celebrado entre o Governo Federal e os Manifestantes ponha fim a essa greve que está paralisando o País e causa prejuízos a todos.

Por fim, o SETCERGS afirma que o setor de transporte e logística fará todo o esforço para o restabelecimento da normalidade na distribuição de mercadorias, em prol do desenvolvimento do Brasil.

Afrânio Kieling – Presidente

SETCERGS – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul