Federação pede bom senso de caminhoneiros que transportam carga de insumos perecíveis

Falta de mantimentos será sentida pela sociedade até sexta-feira, prevê FECAM/RS

Foto: Alina Souza/CP

O presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos da Região Sul (FECAM), André Costa, pediu, em entrevista à Rádio Guaíba na manhã desta quarta-feira, que a categoria tenha bom senso com o transporte das cargas perecíveis que estão sendo afetadas pela paralisação. No terceiro dia de manifestações, o transporte de leite e outros alimentos perecíveis estão sendo prejudicados no Rio Grande do Sul.

Segundo o dirigente da FECAM, os profissionais precisam ter sensibilidade com esses produtos, visto que a razão do movimento vai ao encontro do alto custo de sobrevivência. Por conta disso, não é justo fazer com que alimentos sejam perdidos por conta da paralisação.

“Nós estamos vivendo hoje um momento de angústia e revolta. O que nós conseguimos fazer é usar os meios para pedir para quem estiver na beira da rodovia que cruze os braços, mas que não coloque em risco a vida de ninguém. E que se tenha serenidade e responsabilidade com produtos perecíveis. Nós não estamos em condições de jogar comida fora. Se nós estamos participando de um movimento exatamente pelo alto custo de sobrevivência, como vamos permitir que alimentos sejam jogados fora?”, questiona o presidente.

Costa também repudiou os movimentos extremistas e que acabaram registrando algumas ocorrências. Na noite dessa terça-feira, um caminhão-trator foi atingido por disparos de arma de fogo ao não parar na BR 472, no km 480, em Itaqui. No local havia protestos dos caminhoneiros que abordavam veículos de carga.

“Algumas manifestações de violência nos entristecem. Não concordamos com posições extremistas, como reter caminhão de lixo, de oxigênio, caminhão de carga viva e perecível. Essas questões nós não compactuamos. São posições extremas e que não fazem parte desse contexto. Nós chamamos atenção para que todos tenham serenidade para essas questões”, ressalta.

Sem estimar o número de caminhoneiros gaúchos paralisados, o presidente da FECAM acredita que, até sexta-feira, a sociedade gaúcha vai ter noção da representatividade do movimento com a falta de mantimentos no Estado. “No Rio Grande do Sul, segundo dados da ANTT, nós temos 230 mil veículos cadastrados e aptos para exercer a atividade. É difícil precisar um número, porque temos o transporte interestadual e internacional. Então é muito complicado dar um número. Não há como se ter um número exato. Mas a sociedade vai ter uma noção lá por sexta-feira ou sábado, pois vai ficar representativa a falta de mantimentos”, afirma.

Com a possibilidade do fim da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o diesel, anunciado pelo governo, Costa afirmou que somente isso não vai resolver os problemas da categoria, tão pouco fazer com que a mobilização seja encerrada. Hoje, às 14h, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCAM) terá reunião com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, para tratar da pauta de reivindicações.