Defesa não quer transferência de ex-PM suspeito da morte de Marielle

Em depoimento, testemunha acusou Orlando Curicica de se articular com o vereador Marcello Siciliano (PHS) para o assassinato da vereadora

Reconstituição do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Pedro Gomes, no Estácio.

O advogado Pablo Andrade, que defende o ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, vai entrar ainda hoje com um habeas corpus no Tribunal de Justiça para tentar reverter a decisão da 5ª Vara Criminal da Capital, que autorizou ontem a transferência do detento para um presídio federal de segurança máxima fora do Rio.

Em depoimento à Delegacia de Homicídios, uma testemunha acusou Curicica de se articular com o vereador Marcello Siciliano (PHS) para o assassinato da vereadora Marielle Franco.

Andrade sustenta que Orlando Curicica fica, com isso, mais longe da família e sem ter um contato mais próximo com a defesa.

O outro advogado, Renato Darlan, já tinha informado que Orlando Curicica havia sofrido uma tentativa de envenenamento no presídio de segurança máxima Bangu 9, além de ter sido ameaçado por outros internos. “A partir daí, ele só fazia refeições trazidas pela família diariamente, o que era permitido”, informou Darlan.

De lá, Curicica foi transferido para o presídio de segurança máxima Bangu 1, também no Complexo de Gericinó, onde está atualmente, “mas, nessa cadeia, o preso não pode receber comida de fora, apenas a que é servida pelo Estado”, informou a defesa.

Pedido de transferência
O MP alegou, no pedido, que a transferência “é de grande relevância para o interesse da segurança pública, visando a inibir a atuação do preso e coibir eventuais associações criminosas, bem como quaisquer outras práticas que atentem contra o Estado e a população”.

De acordo com a Justiça, Curicica é apontado como principal líder do grupo criminoso conhecido como Milícia de Jacarepaguá. O ex-PM é acusado da morte do ex-presidente da escola de samba Parque Curicica, Wagner Raphael de Souza, em 2015. O carro da vítima foi atingido por 12 tiros. Orlando Curicica também é acusado de comandar a milícia na Curicica e no Camorim, na zona oeste.