Geddel é flagrado na Papuda com remédios sem autorização

Justiça do Distrito Federal abriu procedimento para investigar como ex-ministro conseguiu estoques

Brasília - Geddel Vieira recebe o manifesto de apoio ao ministro chefe da secretaria de governo, do deputado André Moura (Valter Campanato/Agência Brasil)

Agentes flagraram o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) com remédios sem prescrição nem autorização dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. A Justiça do Distrito Federal abriu um procedimento para investigar como Geddel conseguiu os estoques e os efeitos possíveis dos medicamentos caso ingeridos de uma só vez. Um psiquiatra e duas assistentes sociais da equipe da Papuda relataram à chefia da unidade prisional alterações no comportamento do emedebista. A reportagem é do jornal O Estado de S.Paulo.

Na segunda-feira, Geddel recusou-se a passar por um exame pericial de emergência determinado pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal. Ele foi levado à Seção de Piscopatologia do Instituto de Medicina Legal, mas disse ter “expressa determinação de sua defesa técnica” contrária ao exame, conforme relato da escolta. A reportagem procurou a defesa do ex-ministro, mas não conseguiu contato.

Vistoria

Em uma vistoria na cela de Geddel na Ala dos Vulneráveis do Centro de Detenção Provisória, agentes penitenciários apreenderam centenas de comprimidos dos medicamentos antidepressivos, contra insônia, tranquilizantes, analgésicos e para tratamento gástrico, além de uma pomada e receita médica.

No próximo dia 8 de maio, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar se aceita a denúncia contra Geddel e o deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), irmão mais novo dele, por organização criminosa e lavagem de dinheiro. Eles também são investigados por peculato. A Procuradoria-Geral da República já descreveu Geddel como líder de uma organização criminosa que fraudou contratos na Caixa Econômica Federal, em troca de propina.

Ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel está preso preventivamente em regime fechado desde setembro do ano passado, quando uma fase da operação Cui Bono, da Polícia Federal, descobriu R$ 51 milhões em malas e caixas de dinheiro, escondidos num apartamento emprestado à família Vieira Lima. Geddel também chegou a ficar em prisão domiciliar, antes de retornar à Papuda. Ele havia sido preso antes, em julho, suspeito de tentar atrapalhar a investigação.

O ex-ministro deixou o governo Michel Temer em novembro de 2016, acusado pelo então ministro da Cultura, Marcelo Calero, de tentar interferir em processos em causa própria, para liberar a construção de um prédio em Salvador, onde havia comprado um apartamento.