Questionada sobre suspeitas de obstrução de Justiça que passaram a pesar contra o colega senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos afirmou, na tarde de hoje, à Rádio Guaíba, que “tem apenas uma régua moral”. Ana Amélia disse estar adotando a mesma postura empregada para os adversários políticos, e afirmou ser “preocupante que ele (Nogueira) possa estar envolvido em um crime grave, como obstrução de justiça, sem falar em outras questões como a delação de Joesley Batista”. A senadora se refere ao depoimento em que o empresário relatou o suposto recebimento de propina por parte do senador progressista.
“Não há o que tergiversar ou tolerar. Ele precisa ir às barras da justiça, ter seu amplo direito de defesa, mas os fatos são graves. Entendo que o comando partidário fica com esse constrangimento”, lamentou a parlamentar. Ela ainda reforçou que o presidente do PP gaúcho, deputado Celso Bernardi, deixou clara a posição da sigla no Estado sobre a questão, referindo-se à nota emitida acerca do tema. Nela, entre outros pontos, Bernardi demonstra “indignação” a quem causa desgaste a imagem do partido e cria constrangimentos “aos que fazem a boa política dentro da sigla”.
Ainda sobre as denúncias e suspeitas sobre colegas de plenário, Ana Amélia se defendeu das acusações de apoiar Aécio Neves (PSDB-MG) no pleito à presidência em 2014: “é público e notório que o apoiei, mas também é público e notório que fui uma das primeiras a me manifestar em plenário de forma favorável ao pedido do STF de afastar o senador. Estivemos juntos em 2014, mas isso não me dá o direto de ignorar os fatos que o envolvem. O mesmo vale para qualquer outro senador. Não há outro caminho que não esse, eu não tenho compromisso com o erro”, asseverou.
A senadora ainda se manifestou favorável ao projeto que prevê a prisão em segunda instância. Também hoje à senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) falou à Rádio Guaíba e deu detalhes acerca da conclusão do relatório favorável à aprovação do projeto e o encaminhamento à Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Caso seja aprovado na CCJ, o texto vai direto para a Câmara dos Deputados.
Al Jazeera
Por fim, a senadora gaúcha falou sobre a polêmica envolvendo a colega Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT. Ela negou ter feito o que considera “uma comparação burra” entre a emissora Al Jazeera e o grupo terrorista Al Qaeda, boato que passou a circular após críticas de Ana Amélia a uma entrevista de Gleisi ao canal árabe. “Quero que leiam os anais do Senado e (vejam se) alguma vez eu fiz essa burra comparação. Os robozinhos que eles têm, controlados, estão inflando as redes sociais, mas eu não tenho medo. Na minha terra ninguém foge da raia, eles querem me atacar porque é ano de eleições”, criticou Ana Amélia.
“Eu em nenhum momento fiz essa comparação, a Al Jazeera é uma das mais importantes emissoras do mundo, dizer que eu sou xenófoba pra me jogar contra a comunidade árabe é um tiro no pé. Eu tenho uma relação muito intensa com a comunidade árabe”, finalizou.
Sobre José Otávio Germano, deputado federal gaúcho também pelo PP e denunciado em uma série de esquemas de corrupção, a senadora foi enfática: “não tenho compromisso com o erro. Quem cometeu erros, quem está sendo denunciado tem de usar o amplo direito de defesa, provar inocência quando possível, isso causa constrangimento, lamento profundamente porque na política você não pode apenas ser honesto, tem que parecer honesto, e essas coisas são muito constrangedoras”, completou.