Com salários atrasados há quase três meses, bem como parte do 13º de 2016 e todo o de 2017, os 182 funcionários do Hospital de Caridade de Canguçu (HCC) decidiram entrar em greve a partir das 7h desta quinta-feira. Eles devem permanecer em frente ao hospital. Segundo a técnica em enfermagem e uma das líderes do movimento, Luciara Luna Lira, os funcionários reivindicam, além dos valores em atraso, que a direção se posicione quanto ao rumo do hospital. “Não tem uma chapa interessada em assumir o hospital e a atual direção entrega o cargo no próximo dia 9”, relata.
Nessa terça-feira, todos os setores do hospital funcionaram de forma essencial e 19 leitos estavam ocupados. “Até os médicos não estão internando neste hospital. Nos últimos dias, muitos funcionários apresentaram atestado médico e se afastaram do trabalho”, relata a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Serviço de Saúde de Pelotas e região, Bianca Macedo da Costa. O afastamento dos funcionários, fez com que alguns setores deixassem de funcionar por períodos por falta de pessoas. “Há um grande índice de depressão entre os funcionários”, alega Bianca. Ela garante que apesar da greve, 30% dos funcionários, conforme determina a lei, seguirão trabalhando. “Vamos manter o que diz a lei, deixar uma escala que não comprometa o atendimento e iremos notificar o hospital e Ministério do Trabalho nesta quarta-feira”, confirma.
O presidente do HCC, Delaci Borges Pinto, que na manhã desta quarta-feira viaja para Porto Alegre, na tentativa de assinar um novo contrato com o Governo do Estado, confirmou que não sabe ainda quem irá substituí-lo. “Ainda não sabemos quem vai assumir a direção, mas não vemos perspectivas de melhora”, lamenta. “Como os funcionários, estamos preocupados com o futuro do HCC. Ninguém quer fechar o hospital, mas as dificuldades vêm de anos, por isso estamos tentando liberar R$ 116 mil do SUS e R$ 400 mil de uma emenda parlamentar para o hospital e, com isso, iremos acertar o que está em atraso com os funcionários”, garante. A folha de pagamento se aproxima de R$ 300 mil. “Estamos sem contrato com o governo do Estado, que estes dias nos pagou R$ 39 mil”, explica.
A Secretaria de Saúde do Estado informou que o contrato com o HCC expirou em janeiro e um novo documento está em tramitação na secretaria. “Em função de não possuir contrato vigente, o hospital recebe apenas os valores referentes à produção e à média e alta complexidade, que estão em dia”, diz o Estado. Conforme Pinto, as despesas mensais do hospital chegam a cerca de R$ 700 mil. As dívidas do hospital com funcionários, médicos e outros credores ultrapassam R$ 23 milhões. O hospital conta com 116 leitos, destes 10 são de UTI e estão fechados desde 2016.