Depois de mais de seis horas de busca, os agentes da Polícia Federal (PF) deixaram, no início da tarde, os gabinetes do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) e do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que é o presidente nacional do partido. Ambos são investigados pela Operação Lava Jato e suspeitos de obstruir o trabalho da Justiça. Os policiais chegaram cedo ao Congresso Nacional para cumprir mandado de busca e apreensão de material.
A demora na busca ocorreu porque os agentes copiaram todo o conteúdo dos computadores dos gabinetes, em vez de levar os equipamentos, como costuma ser feito em outras buscas. A operação teve aval do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Segundo a PGR, a Polícia Federal cumpriu nove mandados de busca e apreensão nesta terça-feira.
Além das diligências em Brasília, a PF efetuou buscas em endereços no Recife, em Teresina e em Boa Vista, com o objetivo de colher provas sobre uma suposta tentativa de obstrução da Justiça por parte dos investigados, informou, em nota, a procuradoria.
Ainda de acordo com a PGR, o inquérito no qual foram autorizadas as diligências foi instaurado para apurar a suspeita de que os investigados tentaram comprar o silêncio de um ex-assessor parlamentar. A nota da PGR não cita nomes, mas se refere diretamente às buscas realizadas hoje no Congresso Nacional.
Além da investigação sobre obstrução de Justiça, os parlamentares Ciro Nogueira e Eduardo da Fonte são alvo, juntos, de um inquérito derivado da Lava Jato sobre a existência de uma suposta organização criminosa no âmbito do PP, envolvendo ainda outros políticos do partido.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay), que defende Ciro Nogueira, disse que ainda busca detalhes sobre o mandado e que o senador sempre se colocou à disposição do Poder Judiciário para esclarecer os fatos. O deputado Eduardo da Fonte também disse que está à disposição da Justiça.