"Sou um candidato liberal que se preocupa com as políticas sociais", diz Meirelles

Pré-candidato Henrique Meirelles | Foto: Gustavo Raniere / MF / CP Memória
Pré-candidato Henrique Meirelles | Foto: Gustavo Raniere / MF / CP Memória

O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pré-candidato à presidência pelo MDB, conversou na manhã desta sexta-feira com o apresentador Felipe Vieira durante o programa Agora, da Rádio Guaíba. Meirelles disse que a população não quer um debate ideológico durante a campanha eleitoral deste ano, já que foi esse “falatório ideológico” que levou o Brasil para a maior crise da história.
O ex-ministro falou, ainda, que vai seguir apresentando reformas para modernizar o País nas áreas econômica e social e se definiu como um candidato alinhado ao Mercado. “Sou sim um candidato liberal que é preocupado com as políticas sociais, sempre fui favorável ao Bolsa Família e a uma boa educação pública. Em resumo, o Estado tem que trabalhar bem e servir à população e ao mesmo tempo criar condições para que a economia cresça e gere emprego e renda”, defendeu.
Leia abaixo alguns trechos da entrevista:
“O intervencionismo do Estado está fracassando”
Na entrevista, Meirelles lembrou que foi eleito, em 2002, deputado federal pelo PSDB e que não assumiu o mandato porque foi convidado pelo ex-presidente Lula (PT) para assumir o Banco Central. “Pude desempenhar muito bem o meu trabalho e o Brasil cresceu muito, criou emprego, gerou renda. E isso é fundamental. Eu não estava lá debatendo ideologia e fazendo discursos. Eu estava trabalhando e produzindo resultados para o País. Agora, convidado pelo presidente Temer, eu entro com o Brasil vivendo a maior crise da história e o País voltou a crescer. Isso que a população quer, não é um falatório de debate ideológico, mas sim resultados”.
O economista disse que acredita na economia de mercado e que o Brasil tem tudo a ganhar num regime de livre competição e de menor intervencionismo do Estado. “Empresas estatais inchadas já mostraram todo o potencial de problemas nos últimos anos no Brasil. Portanto, a minha política é muito clara. Não é uma questão simplesmente de discurso. Eu já trabalhei no governo do PT e, agora no MDB, e sempre com a política clara e coerente com a minha linha: de produzir resultados, administrar bem e com uma política de defender o livre mercado, a livre competição e a liberdade, inclusive a liberdade de empreender. Esse intervencionismo do Estado está cada vez mais fracassando nas diversas regiões do mundo”, salientou.
Ex-presidente do Banco Central, do governo Lula, e ex-ministro da Fazenda, de Temer, Meirelles afirmou que não quer fazer um discurso ideológico durante a campanha eleitoral. pois foi esse “falatório ideológico”, que o Brasil viveu nos últimos anos, “que levou o País para a maior crise da história”.  O pré-candidato ainda criticou, indiretamente, o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. “O fato é que a inflação subiu, as pessoas começaram a perder o emprego, a renda caiu, os serviços públicos deterioraram, a segurança e os serviços de saúde pioraram. Quando assumi o BC em 2003, o Brasil vivia uma crise com alta inflação. Colocamos o País para crescer. Depois saímos do BC e reverteu-se essa política. O governo seguinte adotou uma posição completamente diferente e o Brasil piorou”, avaliou.
Brasileiros vão sentir os efeitos dessa “melhora extraordinária”
Meirelles disse que o mais importante é prosseguir com a agenda modernizante do País e que o atual governo está efetuando uma série de reformas importantes na economia brasileira, principalmente no que diz respeito ao controle dos gastos públicos e ao avanço das reformas que estão permitindo a economia crescer e criar empregos. Ele lembrou que o Brasil está com a inflação mais baixa da história e que a população vai sentir, aos poucos, os efeitos dessa “melhora extraordinária”.
“Em resumo, a economia brasileira vai muito bem e o que o Brasil precisa agora é de seriedade, competência, integridade pessoal e de uma capacidade de administrar o País. Nós temos demonstrado isso, seja no Banco Central depois no Ministério da Fazenda e certamente a ideia é prosseguir com toda a agenda e estrutura modernizante desse governo, que está colocando o País de volta da rota do crescimento depois de anos na maior recessão na história do Brasil”.
Lula
Meirelles comentou sobre o poder de voto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo ele estando preso. O ex-ministro salientou que as pesquisas mostram que as intenções de voto de Lula são relativamente elevadas. “Uma parte vem de pessoas com compromisso ideológico com o PT e outra parte vem de pessoas que tem uma boa recordação do governo Lula e vou usar isso na medida em que fui personagem dessa estabilização da economia no governo dele”.
Sobre a prisão de Lula, Meirelles disse que como é uma questão judicial, cabe à justiça se pronunciar. “O Tribunal Regional Federal decidiu pela condenação e os advogados fazem os recursos e acho que é o prosseguimento normal e cabe à justiça se pronunciar e não deve se transformar isso numa questão política”, avaliou.
Reforma da Previdência
O economista afirmou que não tem dúvidas de que a Reforma da Previdência é fundamental para que todos os brasileiros tenha o direito de se aposentar. Ele citou o exemplo da Grécia, “um país que não fez a reforma da previdência quando deveria e o governo quebrou e deixou de pagar as aposentadorias e todas as demais obrigações. Eles tiveram, para equilibrar as contas, que cortar a aposentadoria das pessoas. E isso não foi suficiente e eles cortaram de novo. No total, cortaram 14 vezes as aposentadorias. Nós não vamos deixar isso acontecer no Brasil e queremos que todos os brasileiros tenham segurança, tranquilidade e garantia de receber a sua aposentadoria”.
Propostas
Em vários momentos da entrevista, Meirelles falou das melhorias que precisam ser implementadas na área da segurança, da educação e da saúde. “Pra isso tudo, o governo preciso de recursos. Pra ter recursos, precisa arrecadar. Pra arrecadar, a economia tem que crescer. Tudo isso começa com uma gestão competente da economia e depois uma gestão eficiente dos serviços públicos”.
Campanha eleitoral
“Já estamos percorrendo o Brasil de uma forma bastante intensa. Saí do governo na sexta-feira e na segunda eu já estive em Porto Alegre, aí no Fórum da Liberdade, apresentando o nosso projeto, e continuamos viajando apresentando as nossas propostas. Estou numa escala intensa de atividades e viagens pelo Brasil e vai acelerar nos próximos meses”.