Barroso cita "risco concreto de destruição de provas" ao autorizar prisões

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou prender aliados e amigos do presidente Michel Temer citou, no despacho que autorizou a deflagração da Operação Skala, “risco concreto de destruição de provas”, informou hoje o jornal O Estado de S.Paulo.
Ele tomou a decisão no âmbito do inquérito sobre o Decreto dos Portos a partir de alegações da Procuradoria-Geral da República, que requereu a prisão do empresário e advogado José Yunes, do ex-ministro Wagner Rossi (MDB), do empresário Antônio Celso Grecco (Grupo Rodrimar), e do coronel da reserva da PM de São Paulo João Batista Lima Filho, todos detidos nesta quinta-feira.
Agentes da PF, por ordem de Barroso, fizeram buscas em diversos endereços, inclusive na sede da Rodrimar, em Santos (SP). As investigações da PF e da Procuradoria apontaram para “uma efetiva possibilidade de um esquema contínuo de benefícios públicos em troca de recursos privados para fins eleitorais”. O inquérito sugere ainda que o esquema vigora há pelo menos vinte anos no setor de portos.
Defesa
Procurada pela reportagem, a defesa de Rossi informou que o ex-ministro está aposentado há sete anos e que não atuou mais profissionalmente na vida pública ou privada. “Nunca mais participou de campanhas eleitorais ou teve relacionamentos políticos. Nunca foi chamado a depor no caso mencionado. Portanto, são abusivas as medidas tomadas’”, cita a nota da defesa.
Em comunicado, o advogado de Yunes, José Luis Oliveira Lima, classificou a prisão do cliente como “inaceitável”. Segundo Lima, Yunes vinha colaborando com as investigações sobre a suspeita de que agentes públicos beneficiaram empresas do setor portuário com a publicação de uma medida provisória. “É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania”, sustenta o advogado.
A Rodrimar e o advogado de Celso Grecco ainda não se pronunciaram. Representantes do Grupo Libra afirmaram que não vão se pronunciar por enquanto.