Susepe descarta relação entre incêndios, brigas e rebelião em cadeias gaúchas

Após cinco ocorrências envolvendo incêndios, brigas e rebeliões em presídios do Rio Grande do Sul, o superintendente da Susepe, Ângelo Carneiro, garantiu que não há relação entre as situações. No fato mais recente, um incêndio registrado na Pecan 2, em Canoas, ma discordância de parte de um grupo de detentos referente a regras como uso do uniforme, é considerada o ponto de partida. Ainda assim, Carneiro garantiu que um serviço de inteligência apura todos os fatos e busca eventuais nexos causais entre as diferentes ocorrências, mas que até agora não há qualquer relação.
Os apenados envolvidos no caso do incêndio da Pecan 2 já foram identificados e devem passar por processo administrativo interno. Sobre o andamento da ocupação da penitenciária, que contou com triagem no perfil dos presos para evitar uma repetição do sistema da Cadeia Pública de Porto Alegre, o superintendente é otimista. Conforme ele, o caso de hoje, envolvendo um princípio de incêndio “não é considerado normal, mas também não está fora da realidade”. Os presos foram retirados do espaço e serão substituídos por apenados com o perfil da unidade prisional. “Estamos trabalhando para que incidentes não ocorram, mas se houver, estamos prontos para agir”, ponderou.
Carneiro ainda ponderou que considera como promissor o cenário para o ano de 2018, mas que cabe aos municípios colaborar com o Estado. Ele ressalvou que não se pode falar em segurança pública sem falar na criação de vagas no sistema carcerário, mas lembrou que há comunidades que não querem penitenciárias nas cidades onde vivem. O apelo maior é para o Litoral Norte, onde os gestores vêm apresentando grande resistência à construção de uma nova penitenciária, conforme o superintendente.
Os casos
Com a confirmação de uma confusão envolvendo presos, na noite passada, no Presídio Estadual de Camaquã, chega a cinco o número de incidentes envolvendo casas prisionais no Rio Grande do Sul em menos de sete dias. Apenas nas últimas 24 horas, um incêndio também destruiu o albergue de detentos do regime semi-aberto do Presídio Estadual de Carazinho e outro princípio de incêndio atingiu o pavilhão F da Penitenciária Modulada de Canoas 2 (Pecan 2).
Em Camaquã, as informações preliminares dão conta de que os apenados passaram a se agredir verbalmente após o apagar das luzes, por volta das 22h. Objetos foram arremessados nas celas, e a Brigada Militar (BM) chamada para conter a confusão. No local, encontraram os presos armados com facas artesanais e dispararam munição não-letal para conter o motim.
No último dia 19, uma suposta rebelião no Presídio Estadual de Dom Pedrito, na região da Campanha, deixou ao menos três detentos feridos. O protesto começou após a chegada de apenados vindos do Presídio de Alegrete. Alguns detentos colocaram fogo em colchões e o incêndio se alastrou. Três deles tiveram cerca de 40% do corpo queimado e precisaram ser encaminhados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao hospital da cidade.
Já no dia 22, um incêndio atingiu a Penitenciária Modulada de Osório, no Litoral Norte, na madrugada desta quinta-feira. De acordo com o Corpo de Bombeiros, as chamas começaram por volta das 4h e o fogo foi controlado às 7h. Um dos pavilhões do regime semi-aberto foi totalmente destruído. Segundo os Bombeiros, alguns detentos foram atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), por terem inalado fumaça.