Deputado que considera terrorismo ações do MST isenta produtores que barraram Lula em Passo Fundo

Autor do projeto que considera que o Movimento dos Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) cometem terrorismo ao invadir ou ocupar propriedades, o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS) isentou, hoje, grupo de produtores rurais que impediu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de entrar na cidade de Passo Fundo, nessa sexta-feira.
Pela manhã, um grupo de ruralistas e opositores a Lula bloqueou a estrada que dá acesso a Passo Fundo, bloqueando a chegada da caravana do petista e de apoiadores à cidade. Com uso de tratores e queima de pneus, os manifestantes fecharam o trevo que leva à cidade.
Em meio ao protesto, a Brigada Militar utilizou gás lacrimogênio, bombas de efeito moral e balas de borracha para conter a manifestação. Um homem acabou preso pelos crimes de desacato e desobediência, após se recusar inicialmente a retirar os tratores colocados sobre a via. Outro agricultor fugiu antes de ser detido.
Um dia após o protesto realizado, Jerônimo Goergen considerou que o ato não pode ser classificado como terrorista, uma vez que Lula provocou os trabalhadores ligados ao campo. “Na verdade qualquer ato com depredação não é normal, isso fica claro dos nossos ou dos outros. Mas, este episódio, especialmente, é acima do normal. O Lula não precisava ter feito isso e ele incitou a violência com a presença física dele, atos e fala chamando os agricultores de caloteiro. Portanto, essa atitude política do Lula é fora da curva e deveria ser repudiada”, sustenta.
Sobre o bloqueio da passagem de Lula no entroncamento da BR 285 com a ERS 324, Jerônimo Goergen reforçou. “Eles não depredaram nada de estrutura, mesmo com bloqueio de estrada, mas eu estou penalizando as invasões e eles (agricultores) não invadiram nada”, pontua.
Durante a passagem de Lula pelo Rio Grande do Sul, entidades ligadas ao agronegócios repudiaram as declarações do ex-presidente, que chamou os produtores rurais de “caloteiros”. Nessa fala, o petista também acusou criadores de cavalos de tratar melhor os animais do que os trabalhadores. As manifestações de Lula levaram Jerônimo Goergen a ingressar com processo de interpelação contra o ex-presidente.
De acordo com o projeto de lei encaminhado pelo progressista, a abrangência da Lei Antiterrorismo, sancionada em 2016, deve ser ampliada para que sejam enquadrados como terroristas os ativistas que “ultrapassarem o limite Constitucional”, sob pena de 12 a 30 anos de prisão. A matéria já tramita na Câmara Federal, porém sem confirmação de data para ser votada.