Revisar prisão após 2ª instância vai "enterrar combate à corrupção", fala Dallagnol em Porto Alegre

Foto: Henrique Massaro / Especial CP

A um dia da operação Lava Jato completar quatro anos, os coordenadores da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) defenderam, hoje, a manutenção da prisão de condenados em segunda instância. Os procuradores fizeram um balanço do trabalho da ofensiva, na tarde desta sexta, em Porto Alegre.
A primeira fase da Lava Jato ocorreu em 17 de março de 2014. Passadas 48 edições, 237 réus já foram condenados entre primeira – Justiça Federal de Curitiba e do Rio de Janeiro – e segunda instância. Além disso, quase R$ 2 bilhões já retornaram aos cofres públicos, dos cerca de R$ 12 bi previstos para serem devolvidos por meio de acordos de colaboração e leniência.
Mesmo com esses números, o procurador Deltan Dallagnol alertou que a Lava Jato pode ser colocada em xeque caso o Supremo Tribunal Federal (STF) venha a rever a prisão em segunda instância. “A maior ameaça, hoje, para Lava Jato é a discussão da prisão em segunda instância sim. Se a postergação da prisão acontecer para depois da 3ª ou 4ª instância, o momento da prisão e a resposta que a sociedade tanto espera serão enviados, na prática, para as calendas gregas”, defendeu.
Enfático, Dallagnol ressaltou que uma nova decisão do Supremo em torno do tema vai “enterrar o combate à corrupção”. Ele destacou ainda que a corrupção precisa ser atacada em diferentes frentes. “A Lava Jato tira água de pedra. Precisamos atacar a corrupção em diversas frentes. A corrupção que a Lava Jato revelou é sistêmica”, reiterou.
Em função dos avanços da investigação, o MPF confirmou também que uma força-tarefa da Lava Jato será criada em São Paulo.
Para MPF, delação é “ferramenta revolucionária”
Durante balanço, o MPF revelou que a celebração de acordos de colaboração foi essencial para a descoberta dos crimes. Ao todo, 187 foram firmados, sendo que 84% deles envolvendo investigados em liberdade. Taxativo, o subprocurador-geral da República, Francisco Sanseverino, assegurou que a Lava Jato não prende envolvidos para forçar colaboração.
“A grande maioria das colaborações premiadas foi feita com réus soltos. Isso não corresponde ao que aconteceu na operação Lava Jato. Não se pode aceitar que fique se divulgando e se repetindo esse tipo de coisa”, protestou.