Assassinato de vereadora atenta contra democracia, diz chefe da Polícia Civil

O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa. Foto: Tânia Rêgo/Arquivo/Agência Brasil

O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa. Foto:     Tânia  Rêgo/Arquivo/Agência  Brasil
O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa. Foto: Tânia Rêgo/Arquivo/Agência Brasil

O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Rivaldo Barbosa, afirmou hoje (15) que a polícia vai adotar todas as medidas “possíveis e impossíveis” para dar uma resposta ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes. Segundo o delegado, o crime, ocorrido na noite de ontem (14), é gravíssimo e atenta contra a democracia.
“Estamos diante de um caso extremamente grave e que atenta contra a dignidade da pessoa humana e contra a democracia”, afirmou Barbosa. Ele disse que aceitará ajuda das instituições que estiverem dispostas a colaborar, mas destacou que a Polícia Civil tem condições de solucionar o caso.
De acordo com Barbosa, as informações já levantadas na investigação estão sob sigilo, e nenhuma hipótese de investigação está descartada, inclusive a de se tratar de um caso de execução.
O delegado responsável pelo caso será o novo titular da Delegacia de Homicídios da Capital, Giniton Lages. O antigo titular, Fábio Cardoso, foi promovido a diretor da Divisão de Homicídios, cargo que Rivaldo Barbosa ocupava antes de ser alçado a chefe da corporação.
Uma assessora da vereadora Marielle Franco também estava no carro no momento do crime e sobreviveu aos disparos. Ela foi ouvida como testemunha e receberá proteção do estado.
O chefe de Polícia Civil encontrou-se na manhã de hoje com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Marielle foi assessora parlamentar de Freixo antes de ser eleita vereadora em 2016, com 46,5 mil votos.
“Quem matou a Marielle tentou matar a possibilidade de uma mulher negra, que nasceu na Favela da Maré, que era feminista, estar na política. É um crime contra a democracia”, declarou o deputado. Freixo disse que tinha contato constante com Marielle e sua família e que não há nenhuma informação de que a vereadora tenha recebido ameaças.
Marielle era moradora do Complexo da Maré e defensora dos direitos humanos, autora de frequentes denúncias de violações cometidas contra negros, moradores de favela, mulheres e pessoas LGBT.
“Denunciar policiais não é ser contra a polícia”

Rio de Janeiro - O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, deputado Marcelo Freixo fala sobre ocupação de casas no Complexo do Alemão pela Polícia Militar (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Marielle Franco foi assessora do deputado estadual Marcelo Freixo. Foto: Tomaz Silva/Arquivo/Agência Brasil

Marcelo Freixo destacou a atuação da vereadora, que denunciava crimes cometidos por policiais, o que não impedia que ela tivesse bom diálogo com a polícia e inclusive fosse amiga pessoal do atual chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa.
“O trabalho da Marielle, como o meu, nunca foi um trabalho contra a polícia. Denunciar policiais que cometem crimes não é [ser] contra a polícia. Temos que acabar com a ideia que existe no Rio de Janeiro de que quem defende direitos humanos é contra a polícia ou que a polícia é ameaçada pelos direitos humanos. Quem pensa assim é uma sociedade doente.”
Para o deputado, a morte de Marielle não provocará silenciamento, mas uma resposta de mais mobilização e luta pelas bandeiras que ela defendia. “A resposta virá. Quem matou achando que ia calar a Marielle, transformou a Marielle em um símbolo que vai fazer com que muitas Marielles brotem nas praças públicas a partir de hoje. Isso não vai ficar impune e não vai ficar em silêncio”, afirmou Freixo.