O evento climático que fez a região central de Porto Alegre escurecer por alguns minutos e causou rajadas de vento de 80km/h no Centro foi semelhante à tempestade que atingiu a cidade em 29 de janeiro de 2016. O temporal desta sexta-feira, entretanto, foi mais moderado do que a intempérie que chegou a deixar pontos da cidade sem luz por dias.
“O quadro geral é bem parecido, pois estava bem quente nos dias anteriores quando uma frente fria avançou e deu aquele vendaval e uma chuva mais intensa. O que aconteceu hoje é mais sutil que aquilo, mas dentro daquele mesmo cenário”, explicou o climatologista Francisco Aquino.
Por volta das 15h, a nebulosidade aumentou em Porto Alegre e nuvens cumulonimbus – que causam temporais e que, em Porto Alegre, podem alcançar até 16 quilômetros de altitude – começaram a se desenvolver, o que gerou o vento e a chuva pesada. No Centro, árvores caíram e a estrutura temporária de uma feira de material escolar na Praça da Alfândega despencou.
“Está bem quente e úmido no centro-sul do Brasil, no Paraguai, no Norte da Argentina e em direção ao Uruguai. A entrada da frente fria provocou a mudança do tempo e gerou esse impacto”, informou Aquino. O que evitou um desastre maior com a chegada da frente foi um fluxo de umidade vindo da Amazônia, que favoreceu o arrefecimento e tornou a chuvarada menos intensa.
Eventos semelhantes e isolados devem ocorrer nos próximos dias. Não só em Porto Alegre, mas em todo o Rio Grande do Sul. “Por sorte, esse verão não está sendo de temperaturas tão elevadas como os anteriores e, por esse motivo, as tempestades são mais rápidas”, afirma Aquino. Na prática, isso quer dizer que os temporais deverão causar menos destruição em comparação com o que ocorreu em janeiro de 2016, quando os ventos atingiram quase 120 km/h.
As temperaturas devem se manter, até o final do verão, entre os 28 e 30 graus, com madrugadas amenas, o que é típico para anos com influência de La Niña, caso de 2018. Por esse motivo, os temporais tendem a ser menos destrutivos do que os vivenciados em anos anteriores. “Estamos ainda com condições moderadas de La Niña, pois estamos chegando ao fim de seu ciclo e entrando em uma fase de neutralidade a partir de abril”, apontou o climatologista.
Por causa do fenômeno, as temperaturas de fevereiro e março devem ser semelhantes às de janeiro – não tão elevadas como em verões anteriores. “A precipitação também ficará abaixo do esperado no Rio Grande do Sul, cerca de 30% a 40% menor”, completou.