O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) projeta que milhares de pessoas se desloquem, até amanhã, a Porto Alegre para acompanhar o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima quarta, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A expectativa do integrante da direção nacional do MST, João Pedro Stédile, é de que mais de 50 mil pessoas acompanhem o julgamento nas imediações da sede da Corte.
“Hoje quem chegou foi quem trabalha no campo. Nós nos antecipamos, mas a maioria já saiu ontem das suas regiões. Eu acredito que amanhã à tarde chegarão as delegações organizadas pelos movimentos urbanos e pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Nós teremos certamente mais de 50 mil pessoas no centro de Porto Alegre”, declarou.
Na manhã desta segunda-feira, mais de mil pessoas ligadas à Via Campesina realizaram uma marcha pelas ruas da área central de Porto Alegre até o Anfiteatro Pôr do Sol, onde o grupo montou acampamento. A partir de amanhã, diversas atividades serão realizadas pelos manifestantes pró-Lula.
Conforme Stédile, uma nova manifestação deve ser realizada no início da tarde desta terça, na Esquina Democrática, no centro da Capital. Também na véspera do julgamento, os movimentos sociais pretendem realizar uma vigília democrática no largo Zumbi dos Palmares.
“Nós estamos aqui nos instalando em vigília. Teremos várias atividades na cidade para demonstrar para o povo brasileiro e para o poder Judiciário que eles devem respeitar Constituição e a democracia. Eles não podem fazer uma eleição sem garantir o direito de o Lula ser candidato”, completou.
Na próxima quarta-feira, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região examina a decisão do juiz federal Sérgio Moro, que condenou Lula a nove anos e meio de prisão pelo caso do triplex do Guarujá. Se a segunda instância mantiver a condenação, o ex-presidente entra, em tese, na chamada “lista suja”, ficando impossibilitado de concorrer à Presidência da República, embora caiba recurso.
A caminhada organizada pela Via Campesina durou cerca de duas horas e meia. Houve retenção de fluxo, desde a avenida da Legalidade, passando pela Mauá, Borges de Medeiros e Ipiranga. Mais cedo, a manifestação complicou a entrada de Porto Alegre pelas BRs 116, e 290, com dez quilômetros de congestionamento, e o retorno do litoral Norte pela FreeWay, onde a lentidão chegou a sete quilômetros.