Depois de ter voltado de férias um dia antes e reassumido, ontem, as investigações, o delegado Rogério Baggio, que busca elucidar o caso de duas crianças esquartejadas em um suposto ritual satânico, em Novo Hamburgo, vai pedir mais prazo para concluir o inquérito. O delegado salientou que, por conta da análise de provas, que precisa ser minuciosa, vai solicitar à Justiça que a entrega só ocorra em fim de janeiro.
Na manhã desta quarta, Baggio se reuniu com o delegado Moacir Fermino (que assumiu as investigações durante as férias dele) para receber as provas, perícias e depoimentos colhidos até agora. O responsável pelas investigações salientou que pretende manter contato com Fermino, uma vez que dados e informantes que procuraram o delegado podem ser úteis durante as investigações.
“Teremos basicamente uma ‘força-tarefa’, entre os profissionais e suas delegacias, em que avaliaremos todas as provas, o que fazer com cada uma delas e, sem dúvidas, até o final dessa semana teremos um trabalho árduo. Nem assim, conseguiremos finalizar. Por conta disso, vou pedir uma prorrogação do prazo para entregar o inquérito”, comentou.
Quando questionado sobre a afirmação de Fermino, dada à imprensa no início da semana, de que recebeu uma “revelação divina” para concluir que havia ligação entre a morte das crianças e um ritual macabro, Baggio disse que é preciso respeitar o direito de cada um de ter uma religião. Além disso, salientou que a população precisa entender que os “profetas” que Fermino citou são, na verdade, informantes que ajudaram a elucidar o trabalho da Polícia, embora não atuando formalmente como testemunhas do caso.
Defesa de acusado de ritual satânico deixa o caso
Nessa terça, o caso teve mais uma reviravolta. Denise Dal Molin Pellizzoni, que era a advogada de defesa de Sílvio Rodrigues Fernandes, de 44 anos, apontado como o “bruxo” no ritual satânico em que duas crianças foram mortas e esquartejadas, informou ter abandonado o caso, mas não revelou o motivo.
Denise, que ainda na semana passada encaminhou o pedido de habeas corpus do cliente, ressaltou que já previa ter a solicitação negada, já que entrou com recurso quando a prisão ainda não havia sido convertida para preventiva.
Dentre os motivos para pedir a liberdade do ex-cliente, ela mencionou o suposto “abuso religioso” do delegado Moacir Fermino que acompanhou o caso durante as férias de Rogério Baggio.
Três habeas
Esse é o segundo pedido de habeas corpus do “bruxo” negado pela Justiça. O primeiro havia sido rejeitado no dia 5, pelo juiz Sandro Luz Portal. Na liminar, ele alegou que a prisão (na época temporária – com prazo de 30 dias) era necessária “em face da complexidade do crime investigado, cuja dimensão, certamente, oferta obstáculos à investigação policial”. O terceiro pedido ainda espera julgamento.