O diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, delegado Fábio Motta Lopes, assegurou, na tarde de hoje, que a Polícia Civil colheu provas concretas sobre o caso das duas crianças encontradas esquartejadas em Novo Hamburgo, ainda em setembro. Mais cedo, em entrevista coletiva, o delegado Moacir Fermino, que investigou caso, disse que recebeu uma “revelação divina” que o levou até os suspeitos e a detalhes sobre o crime.
“Não cabe a nós entrarmos no mérito das crenças do delegado. Claro que temos que analisar se essas crenças atrapalham ou não as investigações. Essa análise técnica foi feita. Apesar de o delegado ter sido procurado por pessoas ligadas à religião, as informações repassadas foram confirmadas pela Polícia”, esclareceu Lopes.
Ainda segundo o diretor, toda informação recebida precisa ser confirmada. Ele reforçou que o Poder Judiciário não pode decretar prisão se não houver elementos probatórios e reiterou que a Polícia está no caminho certo.
As testemunhas religiosas, citadas pelo delegado Fermino como “profetas”, vivem na região do Vale dos Sinos e, conforme o diretor da DPM, nunca tiveram relação com uma seita específica.
Lopes lembrou que o delegado Fermino assumiu a investigação durante as férias do delegado Rogério Baggio, que vai ressumir o caso nesta terça-feira. O inquérito deve ser remetido à Justiça em dez dias.
Lopes disse, também, que a Polícia ainda estuda a hipótese de incluir a testemunha-chave do caso no Programa Estadual de Proteção e Assistência a Testemunhas Ameaçadas de Morte (Protege).
Testemunha-chave
O diretor do DPM revelou que uma testemunha chave presenciou o ritual em que as crianças foram mortas e esquartejadas e repassou informações “com riqueza de detalhes” à Polícia Civil. Ele disse que a investigação ainda está em andamento e que a polícia reuniu provas testemunhais, documentais e periciais que corroboraram com as informações trazidas pela testemunha, que conforme o delegado, já havia prestado serviços à “seita” envolvida no caso.
A respeito da nacionalidade das crianças – o delegado Moacir havia dito que eram argentinas – Fábio informou que não há uma confirmação. “Ao que tudo indica, as crianças não são brasileiras mas, até o momento, não há confirmação sobre a nacionalidade delas. Há um indicativo de que elas podem ser argentinas”, esclareceu.
O ritual pode ter sido encomendado por dois empresários do Vale do Sinos, com o objetivo de trazer “prosperidade” a negócios do ramo imobiliário, mediante um pagamento em dinheiro. Das sete pessoas investigadas, quatro estão presas e três seguem foragidas, conforme a Polícia.
Investigados
Presos
Silvio Fernandes Rodrigues, suposto bruxo e apontado como responsável pelo ritual
Jair da Silva, considerado um dos homens responsáveis por contratar o serviço
Andrei Jorge da Silva, filho de Jair.
Márcio Miranda Brustolin, suspeito de ter participado do ritual.
Procurados
Anderson da Silva, outro filho de Jair, também supostamente envolvido na ação
Jorge Adrian Alves, o Argentino, suspeito de ter trazido as crianças para o ritual.
Paulo Ademir Norbert da Silva, suspeito de ter encomendado a seita, junto com Jair.