Um total de 38,7% das empresas do setor de óticas classificam sua situação atual como desafiadora, difícil ou em risco de insolvência. Além disso, 21,3% afirmam não manter uma separação clara entre as finanças do negócio e aquelas pessoais, enquanto 14,8% declaram ter um controle muito superficial ou inexistente das finanças. Os dados fazem parte da Sondagem do Segmento de Óticas de 2025 realizada de 24 de abril a 22 de maio de 2025 pela Fecomércio-RS ouvindo 385 estabelecimentos todos optantes do Simples Nacional.
Quanto ao endividamento, 24,4% possuem empréstimos ativos, mas apenas 1,8% estão com pagamentos em atraso. Na área de gestão, os dados indicam avanços: 85,7% utilizam controle informatizado de vendas e estoques, e 82,1% monitoram regularmente (de forma diária, semanal ou mensal) os produtos mais vendidos. A definição de preços é majoritariamente baseada em margem fixa sobre o custo por categoria de produto (52,7%) e sobre o custo de forma geral (26,0%). A escolha de novos produtos é orientada principalmente por tendências de mercado (47,3%) e pela demanda dos clientes (33,5%).
Em relação à tragédia de maio de 2024, 69,1% dos respondentes afirmaram ter sido impactados, principalmente, pela redução do faturamento (75,1%) e pela perda de clientes (50,3%). A recuperação financeira é parcial para 41,7% dos negócios e inexistente para 6,4%. O desempenho das vendas nos últimos seis meses foi considerado regular por 44,7% dos respondentes, enquanto 55,3% afirmam que as vendas realizadas não atenderam às expectativas. Entre os principais desafios enfrentados, destacam-se, no ambiente interno, a dificuldade de fidelização de clientes (42,6%) e, no ambiente externo, a carga tributária (36,1%). Nesse contexto, 89,9% dos entrevistados relataram aumento de custos no último semestre; sendo que desses, 78,7% repassaram os custos parcial ou totalmente ao varejo, enquanto 11,2% não realizaram nenhum repasse.
“Um ano após a tragédia de maio de 2024, o setor de Óticas ainda sente os reflexos no desempenho das vendas. A recuperação é parcial, com resultados abaixo do esperado para a maior parte dos estabelecimentos. Cerca de 38,7% dos respondentes classificam sua situação financeira atual como desafiadora, difícil ou em risco de insolvência. Diante de um cenário de juros elevados, aumento de custos e expectativa de desaceleração gradual da economia, ganha relevância o fortalecimento da gestão e da organização financeira como caminhos para a continuidade e a adaptação dos negócios às condições do ambiente atual”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.