A Comissão de Segurança, Serviços Públicos e Modernização da Assembleia Legislativa ouviu, na manhã desta quinta-feira, o titular da Secretaria de Comunicação estadual, Caio Tomazeli. O secretário foi ao colegiado prestar esclarecimentos a respeito do documentário ‘Todos Nós por Todos Nós’. A solicitação para explicações partiu do líder da bancada do PT, deputado Miguel Rossetto.
O filme, de pouco mais de 40 minutos, tem um trailer de dois minutos, foi produzido pela Secom e trata da tragédia climática que assolou o RS em 2024 e da situação um ano depois. O nome do documentário, o tempo de exposição e a forma como o governador Eduardo Leite (PSD) é apresentado, e os valores para sua produção e divulgação geraram uma série de questionamentos de parlamentares da oposição. Eles argumentam que a peça fere princípios da administração pública, o que é rebatido pelo governo.
Na reunião desta quinta, as principais perguntas partiram dos deputados Laura Sito (PT) e Martim Adreani (Republicanos). Sito solicitou que o secretário informasse o valor total despendido na produção e as fontes dos recursos; a disposição do plano de mídia; o número, valor e data de exibição de cada inserção de trailer nas salas de cinema; se houve processo licitatório para divulgação; e se existe programação de exibição fora do RS.
Martim pediu que sejam encaminhados à comissão diversos detalhamentos. Entre eles, os nomes de todos os servidores envolvidos na produção, com respectivos cargos e funções no projeto e a apresentação de seus registros de ponto eletrônico 12 meses; a relação patrimonial completa dos equipamentos usados e eventuais contratos de locação de equipamentos; a identificação de quem aprovou o roteiro final; a qual rubrica orçamentária os recursos utilizados estão vinculados; e os gastos com deslocamentos e pós-produção.
Tomazeli: Prestação de contas
Tomazeli justificou a exposição do governador no filme com o argumento de que era o único agente que poderia representar as ações do Plano Rio Grande (que concentra as ações de reconstrução do governo após a tragédia climática) na altura pretendida pela Secom. E negou que o título do documentário, ‘Todos Nós por Todos Nós’, seja também um dos slogans da campanha de Leite em 2022. “Usou uma vez (em uma camiseta), quando foi votar.” Segundo o secretário, a frase é o slogan do Plano Rio Grande e tem sido praticada no processo da reconstrução.
Sobre valores, o titular da Secom afirmou que o filme é uma peça de prestação de contas, e que não foram utilizados recursos do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs). Conforme ele, o montante empreendido foi de R$ 442.995,00, e a opção de passar o trailer em salas de cinema foi a que se mostrou a de menor custo. Assinalou ainda que, até o momento, o governo do Estado obteve decisões favoráveis em duas contestações jurídicas.
Presente à reunião, o líder do governo na Assembleia, deputado Frederico Antunes (PP), solicitou que fossem anexados à ata da reunião do colegiado dois trechos de manifestações do Judiciário em ações que questionam a participação do governador no filme. O deputado Rossetto, por sua vez, reafirmou que o título da peça era um dos slogans da campanha de 2022 e que o fato de ser usado também para o Plano Rio Grande torna a situação mais grave e será alvo de novos encaminhamentos. As respostas aos questionamentos não atendidos durante a reunião serão direcionadas à comissão.