Apesar de desaceleração na inflação, Selic deve seguir aumentando, avalia economista

IPCA registrou alta de 0,26% em maio, a menor para o mês desde 2023

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IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), considerado a inflação oficial do país, registrou alta de 0,26% em maio — menor alta para o mês desde 2023. Os dados foram divulgados, nesta terça-feira (10), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A alta da inflação do último mês foi impulsionada, principalmente, pelo grupo da habitação, por conta da energia elétrica residencial, bandeira amarela na conta de luz, que subiu 3,62%.

Outro item que contribuiu para esse aumento foi o de produtos farmacêuticos, que subiram 0,69%, por conta do reajuste autorizado no preço dos medicamentos. Por outro lado, a queda nos preços de passagens aéreas, da gasolina e de alguns alimentos, como o tomate e o arroz, aliviaram o índice.
Em entrevista ao Conexão Record News, o economista Miguel Daoud avalia que é difícil analisar com otimismo tal alta mais fraca na inflação. Apesar de ser calculado pelo peso nas categorias analisadas pelo IBGE, o valor final é uma média, o que, segundo Daoud não representa necessariamente a realidade. “É evidente que [a inflação] está caindo, mas não é o que nós sentimos no bolso quando vamos às compras”, completa o economista.
Daoud ainda destaca que, apesar de a taxa básica de juros, a Selic, contribuir na redução da inflação, na contramão, o aumento da Selic reflete em um crescimento na dívida do governo, o que força um corte nos gastos ou uma maior arrecadação, sendo esse segundo cenário escolhido pelo Executivo.
“Estamos presenciando um governo em que a arrecadação corre atrás das despesas, quando deveria ser o contrário, quando as despesas deveriam ficar dentro da arrecadação”, afirma Daoud ao explicitar que tais medidas do governo expõem a vulnerabilidade das contas públicas e que, se mantido o mesmo ritmo, em 2027 o Brasil chegará ao cenário em que se irá mais gastar do que arrecadar.
(*) com R7