BC prepara alternativa à poupança para financiar imóveis

De janeiro a maio, caderneta perdeu R$ 51,77 bilhões

Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

A caderneta de poupança acumula, de janeiro a maio deste ano, um volume de saques de R$ 51,77 bilhões a mais do que depósitos. Apenas em maio, a aplicação financeira mais teve mais depósitos que retiradas, num total de R$ 336,87 milhões. Diante deste cenário, o Banco Central (BC) desenvolve um modelo alternativo de financiamento para a casa própria que está sendo discutida com as instituições financeiras.

“Estamos trabalhando nisso, conversando com os bancos, especialmente a Caixa, e pretendemos apresentar em breve um processo ponte que vai utilizar a captação de mercado para normalizar isso [as fontes de financiamento para o setor imobiliário]”, afirmou o presidente do BC, Gabriel Galípolo em evento de inovação financeira promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.

Para o presidente do BC, a retirada de recursos da poupança representa uma mudança definitiva no comportamento dos investidores. “Acho que a perda de recursos é mais estrutural, já que é difícil de competir com outras alternativas hoje. Parece natural, com mais educação financeira, a redução de recursos da poupança”, afirmou.

Desde 2021, a poupança registra mais saques do que depósitos. Entre as causas para a perda de interesse na caderneta, estão os juros altos, que provocam a perda de interesse na aplicação, e a facilidade na oferta de investimentos de baixo risco que rendem mais, como títulos do Tesouro Direto.

SISTEMA

Atualmente, 65% dos recursos depositados na poupança são destinados ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), modalidade que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão com juros de até 12% ao ano. Os imóveis acima desse valor são financiados por meio do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que utiliza recursos de mercado, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI).

A discussão de um modelo alternativo de financiamento ocorre num momento em que o governo propõe a taxação em 5% do Imposto de Renda das LCI. Atualmente, esses títulos privados são isentos de tributos.

(*) com Agência Brasil