O caso da mulher que acabou pendurada no topo de um automóvel ainda choca os moradores de Giruá, cidade com pouco mais de 16 mil habitantes no Noroeste gaúcho. A vítima morreu atropelada na RS 344, no domingo, e o motorista guiou por mais três quilômetros com a corpo dela preso na capota. Ela completaria 22 anos na data dos fatos.
De acordo com o portal RB Notícias, a jovem trabalhava há cerca de duas semanas em uma boate, onde também morava, nas proximidades da rodovia.
Identificada como Viviana Villalba, ela era natural da localidade de Pueblo Illia, no município de Dos de Mayo, na província de Misiones, na Argentina.
As colegas da moça foram ao país vizinho e buscaram a mãe da vítima, que permanece hospedada em Giruá enquanto aguarda a liberação do corpo. Elas pedem a responsabilização criminal do condutor.
Nesta terça-feira, a dona da casa noturna em que Viviana trabalhava conversou com a reportagem do Correio do Povo e disse que a jovem era querida por todos que a conheciam.
“Estamos em choque, ela não merecia o que aconteceu. Era uma pessoa muito boa e educada. Todos gostavam muito dela.”
Segundo a proprietária, na data do ocorrido, o estabelecimento fechou as portas por volta da 1h30min. Duas horas depois, Viviana teria saído a pé, sem comunicar as outras.
“Não vi o momento em que ela saiu. Também não sei se fez uso ou não de alguma substância ilícita. O que posso afirmar é que não permito esse tipo de coisa dentro do local”, garantiu.
Ainda de acordo com a mulher, o motorista que matou Viviana não demonstrou qualquer sinal de empatia desde o ocorrido. Ele responde em liberdade.
“O condutor, que nem ao menos parou o carro para prestar socorro, continua sem demonstrar solidariedade. Queremos justiça, ele precisa responder criminalmente. Isso que aconteceu com a Viviana poderia ter ocorrido com qualquer uma de nós”, lamentou a patroa.
Relembre o caso
No último domingo, próximo às 4h, Viviana foi atingida por um Volkswagen Fox no quilômetro 65 da RS 344. A jovem vestia apenas um moletom.
O automóvel era pilotado por um homem, 21 anos, que retornava de uma festa em Santo Ângelo. Ele alegou em depoimento que pensou ter atropelado um animal, porque o excesso de neblina no trecho dificultava a visibilidade, e que não teria parado ali devido ao medo de ser assaltado em um local inóspito.
Uma passageira que sentava ao lado do condutor teria notado algo similar a uma perna humana no vidro traseiro, mas o veículo circulou por mais três quilômetros. Já na casa do homem, os dois desembarcaram na garagem e viram o cadáver preso no topo do veículo.
A dupla acionou a Brigada Militar, que esteve no imóvel ao lado do Instituto-Geral de Perícias (IGP). Depois, o motorista se apresentou voluntariamente à Polícia Civil, mas recusou fazer teste do bafômetro. A ocorrência foi registrada como homicídio culposo, ou seja, quando não há intensão de matar.
Conforme a delegada titular da DP de Giruá, Elaine Maria da Silva, um inquérito foi instaurado para determinar o que de fato aconteceu. Há indícios que o motorista tenha tentado parar o carro no momento em que atingia a vítima, e que ele seguiu trajeto mesmo assim.
“As lesões no corpo da vítima e os danos no veículo são compatíveis com a colisão. No entanto, a análise preliminar do carro indica que o condutor tentou frear na hora do acidente. Ele pode até alegar que pensou ter atingido um animal, mas o impacto de atropelar uma pessoa é muito mais forte que isso. Seria possível sentir”, avalia a titular da DP de Giruá.