O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, que será divulgado nesta terça-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) terá as atenções do mercado financeiro. É bom lembrar que o IPCA é o principal indicador oficial da inflação no país e influencia diretamente as decisões do Banco Central sobre a política de juros. O presidente do banco, Gabriel Galípolo tem dito que a instituição continua “muito insatisfeita” com o fato de a inflação estar acima da meta, e alertado que a autarquia continuará perseguindo o objetivo de trazer a alta dos preços para o nível de 3%.
O Comitê de Política Monetária do BC (Copom) volta a se reunir nos dias 17 e 18 de junho. No último encontro, em maio, os integrantes do comitê decidiram pela elevação da Selic em 0,5 ponto percentual, a 14,75% ao ano, indicando no comunicado sobre a decisão que estava mantendo suas opções em aberto para o encontro deste mês. A interpretação do mercado continua dividida de forma geral sobre qual será a decisão do BC neste mês. No mercado de opções para o fim da reunião do Copom são em grande parte pela manutenção da Selic, enquanto alguns entendem que a decisão será de alta de 0,25 ponto.
PROJEÇÃO
Conforme a área econômica do Banrisul, após o IPCA-15 registrar variação de 0,36% em maio, ficando abaixo do registrado pelo indicador de abril (+0,43%), reflexo da desaceleração das altas mensais de cinco dos nove grupos pesquisados, o IPCA cheio deverá apresentar uma desaceleração em relação a abril, com alta de 0,41% e viés de baixa, o que poderia levar o indicador a uma taxa próxima de 0,37%. Com isso, em 12 meses, a medida oficial de inflação do País deve arrefecer de 5,53% em abril para algo próximo de 5,45% em maio.
Segundo os técnicos, alimentação e bebidas, por conta de um efeito sazonal que deve ter como destaque a descompressão em preços de cereais, leguminosas e oleaginosas, principalmente, mas também do subgrupo Alimentação fora do domicílio. Além disso, o grupo Artigos de residência deverá apresentar uma moderação vinda da queda de preços de aparelhos eletroeletrônicos, enquanto Vestuário deve observar diluição parcial de pressão sazonal e Saúde e cuidados pessoais deve refletir taxas mais moderadas em produtos farmacêuticos e higiene pessoal.
Para o professor da Escola de Negócios da PUCRS, Gustavo de Moraes, a expectativa para o indicador é de uma expansão de +0,35%. Por um lado, o crescimento dos preços de alimentação e bebidas tende a arrefecer, enquanto as passagens aéreas devem registrar deflação. Por outro lado, haverá o encarecimento mais significativo da energia elétrica (mudança da bandeira tarifária de verde para amarela) e dos farmacêuticos, como parte do reajuste dos medicamentos determinado pela ANVISA no final de março.
“O mercado também observará de perto os resultados dos recortes mais sensíveis à dinâmica da produção e do emprego, que permanecem bastante pressionados”, comenta.
Já para o economista da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, o IPCA do mês de maio deve mostrar desaceleração em relação aos meses passados, provavelmente registrando um índice ao redor de 0,31%. Apesar da desaceleração em relação aos meses passados, esse resultado ainda mantém a inflação nos últimos 12 meses acima do teto da meta de inflação e acima de 5% ao ano.
Se antes as pressões estavam localizadas nos alimentos, desta vez a nova bandeira tarifária para as contas de luz pesa no bolso do consumidor. “Os alimentos, com a chegada da safra no mercado, apresentam desaceleração nas altas. Novas reduções são aguardadas nos próximos meses, sobretudo em vilões recentes, como as carnes e o café (cujo preço no mercado internacional caiu 13% em maio e logo chegará à mesa do consumidor)”, comenta.