Imagens já conhecidas do noticiário voltaram a se repetir no Rio Grande do Sul: famílias isoladas sendo salvas por barcos em meio à enchente. Um ciclone extratropical que se formou no oceano provocou uma série de transtornos em todo o Estado nesta quinta-feira, 29. Ao menos 23 cidades gaúchas registraram estragos, segundo o boletim mais recente da Defesa Civil.
Os danos do incidente foram mais fortes em Mostardas, com a situação mais crítica ocorrendo na comunidade de Solidão, localizada na zona rural, onde a intensa chuva em um curto período causou uma inundação que se estendeu por cerca de 15 quilômetros ao longo da ERS-101. Conforme declarou o prefeito, Gilnei Nazareth, a área atingida abriga entre 150 e 200 famílias, que precisaram ser retiradas do local.
Algumas foram acolhidas em um salão comunitário da própria localidade de Solidão, enquanto outras foram direcionadas para ginásios e estruturas da sede do município. Segundo dados da Defesa Civil Estadual, Mostardas registrou 150 mm de precipitação nas últimas 24 horas. No entanto, moradores da área mais atingida, que possuem medidores de chuva particulares, afirmam que o volume superou os 300 mm entre a noite de quarta-feira e a manhã de quinta-feira.
Em Porto Alegre, a chuva alcançou 143,2 mm conforme medição feita no totem da Defesa Civil Municipal. Com isso, o nível do Guaíba subiu para 2,40 metros às 11h15, conforme os dados da régua da Agência Nacional de Águas (ANA), instalada na Usina do Gasômetro, no Centro Histórico.
Ao todo, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) registrou 14 quedas de árvores e galhos de grande porte na Capital. Um dos casos, na rua La Plata, no bairro Jardim Botânico, chegou a bloquear parcialmente a via. Além disso, diversos pontos da cidade enfrentaram alagamentos, como a avenida Pernambuco, no bairro Navegantes, onde motoristas tiveram dificuldades para trafegar.
Cinco semáforos saíram de operação em diferentes cruzamentos: avenida Protásio Alves com rua Euclides Triches, avenidas Cristiano Fischer com Antônio Carlos Tibiriçá, ruas Anita Garibaldi com Francisco Petuco, avenida Plínio Brasil Milano com Líbero Badaró e nas avenidas Déa Coufal, Coronel Marcos e Tramandaí.
O frio também agravou a situação, como previsto pela MetSul Meteorologia. As temperaturas chegaram a 9,4°C no Aeroporto Internacional Salgado Filho durante a madrugada, com sensação térmica ainda menor por causa dos ventos intensos provocados pelo ciclone extratropical no Atlântico.
A falta de energia elétrica em duas estações de bombeamento afetou o abastecimento no Morro da Cruz e em parte do bairro Lomba do Pinheiro, provocando redução na pressão e interrupção no fornecimento de água. A Prefeitura informou que a CEEE Equatorial foi acionada durante a madrugada para resolver os problemas. Mesmo assim, todas as casas de bombas do sistema de drenagem urbana permaneceram em funcionamento durante a tempestade.
A Trensurb suspendeu temporariamente suas operações no início da manhã devido ao alagamento dos trilhos nas proximidades da estação São Pedro. A EPTC então acionou o plano emergencial com ônibus fazendo o trajeto entre as estações Farrapos e Mercado.