‘Caça-comunistas’: nova operação retém R$ 30 milhões ligados a suposto grupo de extermínio

Um dos alvo desta quinta-feira (29) seria um juiz com uma suposta ligação com a organização investigada

Foto: PF / DIVULGAÇÃO

Uma nova fase da operação que investiga a existência de um grupo de assassinos de aluguel e a venda de sentenças no TJMT (Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso) reteve cerca de R$ 30 milhões em bens e valores ligados à suposta organização, nesta quinta-feira (29).

O STF (Supremo Tribunal Federal) também autorizou o cumprimento de três mandados de busca e apreensão no estado, além da ordem de afastamento das funções públicas de um magistrado, e a proibição de que ele deixe o país, com o recolhimento do passaporte.

Os bens e valores foram sequestrados — ou seja, tornaram-se indisponíveis até decisão final no processo. O objetivo principal é evitar a deterioração ou perda do montante.

Segundo as investigações, foi identificado um esquema de lavagem de dinheiro, montado para dissimular pagamentos milionários de “propinas” em troca de decisões judiciais proferidas por magistrado vinculado ao Tribunal de Justiça do Estado do Estado de Mato Grosso.

Entenda

Com a prisão de cinco homens pela morte do advogado Roberto Zampieri, um esquema de venda de sentenças ganha mais um capítulo. A existência de um grupo armado de militares aposentados foi descoberto inicialmente pela Polícia Civil de Mato Grosso, mas não está no STF (Supremo Tribunal Federal) por acaso.

A investigação principal sobre a corrupção no Judiciário começou com a morte de Zampieri, em dezembro de 2023. O advogado atuava em causas de disputas milionárias de terras em Mato Grosso.

As investigações iniciadas no estado já davam conta de que Zampieri tinha ótima relação com desembargadores e autoridades do Judiciário e apontavam negociações de decisões judiciais.

Na Polícia Federal, a superintendência de Mato Grosso realizou operações para apurar o envolvimento de juízes e conseguiu o afastamento de magistrados dos cargos.

Com o assassinato do advogado, a polícia apreendeu o celular dele na cena do crime, para auxiliar nas investigações do que, até então, tratava-se de um homicídio. Segundo fontes na investigação, a viúva de Zampieri estava muito empenhada em recuperar o aparelho do marido. O interesse era tanto que chamou a atenção da Justiça.

Em uma decisão, o juiz do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Wladymir Perri, confiscou o conteúdo extraído do celular da vítima pela Polícia Civil e colocou todo o processo sob sigilo.

Preocupado com um possível descarte de provas, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) determinou que a polícia acompanhasse a extração das cópias dos materiais apreendidos, para garantir que as provas colhidas fossem preservadas e encaminhadas à corregedoria. O CNJ determinou também que nada fosse descartado.

Investigação migra para Brasília

Com o avançar das investigações, o lobista Andreson de Oliveira, sócio e parceiro de Zampieri nas negociações com o Judiciário, foi alvo de operações da PF em seus dois endereços, em Cuiabá e em Brasília. O escândalo de venda de sentenças começava a migrar para a capital do país, agora em uma corte superior, o STJ (Superior Tribunal de Justiça). Assessores de ministros do STJ foram afastados e o lobista Andreson preso.