Suspeito de participação no assalto ao aeroporto de Caxias do Sul é baleado após confrontar PF em Gravataí

Homem de 40 anos foi alvejado em troca de tiros no bairro Morada do Vale III durante a segunda fase da Operação Elísios

Homem de 40 anos foi alvejado em troca de tiros no bairro Morada do Vale III durante a segunda fase da Operação Elísios

A Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Elísios, que mira suspeitos de envolvimento no assalto a um carro-forte no aeroporto de Caxias do Sul, em junho do ano passado. Nesta quarta-feira, um dos alvos entrou em confronto com os agentes e acabou sendo baleado, em Gravataí, na Região Metropolitana.

O homem alvejado, de apelido “Gatão”, tem 40 anos. Ele teria iniciado uma troca de tiros com os policiais, pouco antes das 7h, no bairro Morada do Vale III. O estado de saúde dele ainda é desconhecido.

A ofensiva ocorre ao longo da manhã, no Rio Grande do Sul e em outros três estados, com a participação de aproximadamente 200 policiais federais. O efetivo cumpre 17 mandados de prisão preventiva, quatro de prisão temporária, 26 ordens de buscas e o bloqueio de contas bancárias ligadas aos suspeitos.

Em solo gaúcho, a ação abrange os municípios de Taquara, Parobé, Gravataí e Caxias do Sul. O restante das diligências acontece em São Paulo (SP), Navegantes (SC) e Curitiba (PR).

Suspeito deixa presídio após ganhar benefício humanitário

Um dos suspeitos de participação no assalto em Caxias do Sul saiu da cadeia após receber benefício de prisão domiciliar humanitária. A decisão foi da Justiça Federal, que concedeu a medida em caráter temporário. A justificativa é que o criminoso passará por uma cirurgia de hérnia de disco.

De apelido Cigano, o criminoso havia sido preso dois dias após o assalto, em Juquitiba, no interior de São Paulo. Desde então, ele estava na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), de onde saiu por volta das 18h, em 22 de maio.

Cigano é apontado como uma das lideranças da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) e seria responsável por coordenar as finanças e a logística de ações do grupo.

Em prisão domiciliar, o assaltante seguirá monitorado com tornozeleira eletrônica pelos próximos dois meses. A medida ainda poderá ter o prazo ampliado conforme a evolução médica do “paciente”.

Crime resultou em assassinato de sargento

O assalto no Aeroporto Hugo Cantergiani aconteceu em 19 de junho de 2024 e resultou na morte do 2º sargento do 12º BPM, Fabiano Oliveira, 47 anos. Na ocasião, os criminosos conseguiram levar quase a metade dos R$ 30 milhões de um banco que chegavam ao terminal e seriam transportados por um carro-forte.

Ao longo do ano passado, a primeira fase da Operação Elísios, foram identificadas 19 pessoas que tiveram envolvimento no caso, sendo que 17 foram indiciadas e outras duas morreram em confronto com a polícia no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

No total, 12 suspeitos foram presos preventivamente e um foi detido em prisão temporária. Outros investigados cumpriram medidas cautelares, como o comparecimento na delegacia e em juízo sempre que solicitado, vedação de modificar endereço residencial sem autorização e horário de recolhimento em casa.

Também ocorreu a execução de 12 mandados de busca e o sequestro de 26 veículos. Além disso, a PF ainda representou à Justiça Federal pelo sequestro de 19 contas bancárias e quatro imóveis.

A investigação aponta que faccionados de São Paulo chegaram ao Rio Grande do Sul dias antes do episódio e contaram com o apoio de criminosos gaúchos para a execução do assalto. O plano foi dividido em quatro etapas, sendo planejamento, execução, fuga e exfiltração, que é a transferência ilegal de valores.

O estratagema criminoso, ainda segundo a PF, também passou pelo custeio e transporte de armamento de guerra, como fuzis, pistolas, munições, explosivos, aparelhos telefônicos, chips, radiocomunicadores, roupa táticas, veículos, placas falsas, plotagem de carros, hospedagens e esconderijos.

Os investigados vão responder por latrocínio, falsificação de símbolo, explosão, falsificação de identidade, adulteração veicular, usurpação de função pública, posse de arma de uso restrito, lavagem de dinheiro, organização criminosa com arma de fogo e embaraço à investigação de organização criminosa. As penas máximas, se somadas, podem chegar a 97 anos de prisão. Quase todos os suspeitos já respondiam por crimes dessa natureza antes do assalto em Caxias do Sul.