O combate aos feminicídios foi pauta nesta quarta-feira da tradicional reunião-almoço “Tá na Mesa”, iniciativa da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul). O painel contou com a promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional Criminal e de Acolhimento às Vítimas do Ministério Público gaúcho, Alessandra da Cunha, o secretário estadual da Segurança Pública (SSP), Sandro Caron, e a delegada Tatiana Bastos, diretora do Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis.
De acordo a delegada, mais de 90% dos feminicídios no Rio Grande do Sul decorrem de situações pré-existentes de violência doméstica. O maior desafio da polícia, na avaliação dela, é a prevenção de crimes do tipo.
“Atuamos no eixo de repressão e fazemos ações da inteligência, mas o grande desafio ainda é prevenir que os feminicídios aconteçam. Quando falamos em prevenção, é porque 90% das vítimas no RS são mortas sem ter feito o pedido de medidas preventivas de urgência, sendo que 80% destas nunca chegam a registrar um boletim de ocorrência. Ou seja, precisamos investir na promoção de mais políticas publicas e em ações com foco na educação”, ponderou Tatiana Bastos.
A promotora Alessandra da Cunha destacou que o MPRS trabalha para reforçar e expandir as redes de apoio ao longo do Estado.
“Nós trabalhos para capacitar a rede de atendimento em diversos municípios no Rio Grande do Sul. Além disso, abrimos oito centrais para buscas diretas e indiretas de vítimas. Queremos promover a inclusão dessas mulher no Ministério Público, porque vamos representá-las”, enfatizou a promotora.
Conforme o secretário Sandro Caron, o RS terá uma nova estratégia de combate à violência contra às mulheres a partir de um convênio com a Secretaria Estadual de Saúde. A ideia é ampliar a notificação das ocorrências em que a vítima buscou atendimento médica, mas não registrou boletim na delegacia.
O titular da SSP não deixou de mencionar a alta de feminicídios registrada em abril, quando dez mulheres foram assassinadas em apenas cinco dias, ao longo do feriadão de Páscoa e Tiradentes. Seis dos casos aconteceram em menos de 24 horas, na Sexta-feira Santa.
“O que tivemos ali foi um ponto totalmente fora da curva. Antes daquele feriado, tínhamos 10 homicídios a menos que no mesmo período do ano anterior. Aquilo foi uma tragédia imponderável”, lamentou Caron.