De acordo com o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), as pequenas e médias empresas apresentaram um faturamento 4,9% menor no último mês em comparação com abril de 2024. No acumulado do ano, a queda foi de 2,2% frente ao mesmo período do ano anterior – com boa performance apenas do Comércio (+5,6%), impedindo um declínio ainda maior.
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, divididas em 736 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, explica que parte deste recuo no mês se dá pelo “efeito calendário”. Um maior número de dias úteis tende a impulsionar o faturamento de diversas atividades e, enquanto abril de 2024 contou com 22 dias úteis, abril deste ano teve apenas 20.
“Quando se elimina o efeito de sazonalidade, o recuo na movimentação média diária de contas a receber das PMEs em abril de 2025 é moderado: 0,4% menor em relação a abril de 2024. Já na comparação com o mês anterior, março deste ano, houve elevação de 0,5%, sinalizando uma possível trajetória de recuperação”, comenta o economista.
Em abril, o Comércio registrou o menor recuo, com variação de -0,5% na comparação anual, após ter avançado 2,9% no mês anterior. O número foi sustentado por ‘comércio e reparação de veículos’ (+14,1% YoY). Os segmentos atacadista e varejista apresentaram retrações de 0,9% e 3,1%, respectivamente – sendo este o segundo recuo consecutivo do varejo. Apenas da queda, alguns nichos apresentaram expansão, como ‘atacadista de café em grão’, ‘atacadista de bebidas’ e ‘atacadista de materiais de construção’. Já no varejo, ‘equipamentos para escritório’, ‘produtos alimentícios’ e ‘artigos de papelaria’.
Em Serviços, o faturamento recuou 1,6% em abril, interrompendo a sequência positiva registrada entre fevereiro e março. A baixa foi atenuada por ‘informação e comunicação’ e ‘atividades administrativas e serviços complementares’. Em contrapartida, segmentos de peso como ‘educação’ e ‘alimentação’ tiveram desempenho negativo.
Na Indústria, as PMEs registraram o sexto mês consecutivo de retração, com diminuição de 8,7% na comparação anual. Beraldi acrescenta que entre os 23 subsetores da indústria de transformação monitorados pelo IODE-PMEs, apenas quatro apresentaram crescimento, com destaque para os ramos de ‘produtos químicos’ e ‘produtos de borracha e de material plástico’. Já no campo negativo, a performance foi puxada por ‘metalurgia’ e ‘fabricação de máquinas e equipamentos’.
Infraestrutura também apresentou retração (-6,9%), o que reflete o impacto do ambiente macroeconômico contracionista sobre atividades intensivas em investimento e crédito, segundo o economista. ‘construção de edifícios’ e ‘serviços especializados para construção’ foram afetados, evidenciando a sensibilidade do mercado às condições financeiras adversas.
O economista avalia que o ambiente macroeconômico brasileiro permanece desafiador, marcado por pressões inflacionárias persistentes e um ciclo prolongado de elevação da taxa básica de juros promovido pelo Banco Central. Ele acrescenta, no entanto, que nas últimas semanas, houve mudanças nas expectativas dos agentes econômicos em relação à trajetória futura da inflação e dos juros.
“A desaceleração registrada na leitura mais recente do IPCA reforçou a percepção de que o ciclo de alta da Selic pode estar próximo do fim. Essa sinalização, acompanhada de uma melhora nas projeções de inflação de médio prazo divulgada pelo boletim Focus do BCB, tem potencial para aliviar parte das pressões atuais, sobretudo no acesso ao crédito, contribuindo para um cenário mais favorável em um horizonte de médio prazo”, explica.