Emergências públicas e privadas registram novamente superlotação nesta quinta-feira em Porto Alegre

Na UPA Moacyr Scliar, havia 376% de ocupação nesta manhã, e um a cada quatro pacientes era de fora da Capital

Foto: Pedro Piegas / Correio do Povo

As emergências públicas de Porto Alegre novamente vivem uma situação crítica nesta quinta-feira, com a mais preocupante delas registrada na UPA Moacyr Scliar, na zona Norte, com 376% de ocupação de pacientes no turno da manhã, de acordo com o dashboard da Prefeitura, e um a cada quatro pessoas (25%) de fora da Capital. Na UPA da Bom Jesus, a lotação era de 231%. Na Cruzeiro do Sul e Lomba do Pinheiro, estava acima de 100%.

Já nos hospitais de média e alta complexidade com emergências SUS, a situação mais complicada é vista no São Lucas da PUCRS, com 350% de lotação, ou 35 leitos ocupados para dez operacionais. Em seguida, a Santa Casa de Misericórdia tinha 271% nesta manhã, com 28 leitos em operação e 76 ocupados. No Hospital de Clínicas, a situação não era muito diferente, com 46 leitos operacionais e 122 em ocupação.

O Hospital Conceição apresentava 143%, ou 51 operacionais e 73 ocupados. Nas emergências de hospitais privados da Capital, a situação é vista com atenção. O Hospital Moinhos de Vento informou que o serviço de emergência adulto registrava, de manhã, 98% de ocupação, operando em Plano de Capacidade Plena. Já a emergência pediátrica estava 115% ocupada.

A assessoria do Moinhos informou, em nota, que o hospital “reforça ainda a orientação para que a Emergência seja procurada apenas em situações de urgência, emergência ou alta complexidade”, e que “adota protocolos específicos para garantir a qualidade da assistência, mesmo em períodos de alta ocupação”.

O Hospital Ernesto Dornelles comentou que sua emergência clínica está “temporariamente restrita por superlotação”, porém não informou números. Procurada, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) disse, também por meio de nota, que “todo o sistema de urgência da Capital enfrenta superlotação”, com lotação média de 99% de ocupação.

“Sem contrarreferência formal por parte da regulação estadual, a rede está sobrecarregada, sem margem para absorver a demanda crescente. A ocupação dos leitos de enfermaria já supera em 10% o mesmo período do ano passado, comprometendo o atendimento imediato. O giro de leitos tornou-se extremamente difícil, com pacientes internados além do limite físico e operacional. A pressão compromete a segurança dos atendimentos e exige responsabilidade compartilhada entre municípios, Estado e União”.

Leia nota completa da SMS

EMERGÊNCIA EM SAÚDE PÚBLICA

A Prefeitura de Porto Alegre declarou, na última sexta-feira, 16, situação de emergência em saúde pública diante do avanço dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave e da superlotação da rede municipal. O decreto busca ampliar a capacidade de resposta do sistema de saúde e proteger a população mais vulnerável, especialmente crianças e idosos.

As internações por SRAG aumentaram a partir de abril e se mantêm em patamares elevados. A ocupação dos leitos de enfermaria já supera em 10% o registrado no mesmo período do ano passado, comprometendo o atendimento imediato.

Com a medida, o município poderá adotar ações emergenciais, como reforço de equipes, ampliação de leitos e acesso a recursos federais, conforme prevê a Portaria GM/MS nº 6.914. A SMS segue monitorando os indicadores em tempo real e mobilizando esforços para manter a capacidade de atendimento.

Ademais, todo o sistema de urgência da capital enfrenta superlotação — hoje, os leitos registram 99% de ocupação. Porto Alegre concentra a maior parte dos serviços de alta complexidade do Estado, realizando cerca de 500 internações por dia — metade de pacientes vindos de outros municípios. Sem contrarreferência formal por parte da regulação estadual, a rede está sobrecarregada, sem margem para absorver a demanda crescente.

O giro de leitos tornou-se extremamente difícil, com pacientes internados além do limite físico e operacional. A pressão compromete a segurança dos atendimentos e exige responsabilidade compartilhada entre municípios, Estado e União.

Porto Alegre, 22 de maio de 2025