Lideranças gaúchas discutem estagnação e cobram protagonismo do RS

Que país é esse? Foi o tema do Tá na Mesa desta quarta, 21

Da esquerda para a direita: Toledo, Turra, Goergen e Lamachia,

O Tá na Mesa, promovido pela FEDERASUL nesta quarta-feira, 21, teve como tema central “Que país é esse?”, reunindo lideranças como Claudio Lamachia, Jerônimo Goergen, Francisco Turra e Altair Toledo. Na abertura, o presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, refletiu sobre a crescente frustração com os rumos do país. A ideia da entidade, ao promover a discussão, foi levantar uma reflexão sobre os problemas que estamos vivendo.

“Vivemos um sentimento de impotência que permeia as lideranças. É como se estivéssemos presos em um eterno déjà-vu, avançando e retrocedendo continuamente”, afirmou. Costa também destacou os principais entraves estruturais enfrentados pelo Brasil, como o rombo nas contas públicas, a perda de poder aquisitivo dos trabalhadores, o consumo em queda e as dificuldades impostas aos empreendedores.

“O governo oferece crédito com juros abusivos e, sem educação financeira, muitos acabam se endividando ainda mais.” O presidente da Federasul ainda chamou atenção para a necessidade de esclarecer os critérios subjetivos da nova Norma Regulamentadora NR1, que trata das questões psicossociais no ambiente de trabalho.

Em sua fala, o ex-ministro da Agricultura e conselheiro da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, um dos convidados, abordou os desdobramentos da crise provocada pela gripe aviária. Segundo ele, embora o trabalho de erradicação no Rio Grande do Sul esteja sendo reconhecido internacionalmente, o RS tende a sofrer mais que o restante do país.

“Há uma carência global de proteína animal. Em breve, teremos a reabertura de mercados”, destacou. Turra também defendeu a criação de um robusto seguro agrícola, financiado, por exemplo, com recursos retirados das emendas parlamentares e do fundo partidário. “Um país que gera mais de um trilhão por ano em produção agrícola precisa de proteção adequada para seus produtores”, completou.

Já o ex-deputado federal Jerônimo Goergen elogiou a atuação do Fundesa – fundo voltado ao desenvolvimento e defesa sanitária animal no RS –, mas alertou para a ausência de uma estratégia nacional coordenada. Goergen criticou a perda de protagonismo político do Rio Grande do Sul: “O estado praticamente desapareceu do cenário nacional. Falta representatividade e voz.” Ele também lamentou a apatia da sociedade gaúcha: “Antes de cobrar que o Brasil nos deve algo, precisamos refletir internamente. Falta mobilização e engajamento com o futuro do nosso estado.”

O ex-presidente da OAB, Claudio Lamachia, foi enfático ao dizer que “o Brasil vive uma crise ética e moral sem precedentes”. Ele falou sobre os bilhões das emendas parlamentares, fundo eleitoral e partidário e da falta de recursos para a saúde, segurança e educação. Ele ainda observou a perda de espaço no cenário nacional. Destacou a ausência de gaúchos nos tribunais superiores: “Não temos representantes no STF, no STJ, e a OAB levou 95 anos para eleger um presidente nacional do nosso estado.”

O vice-presidente da FEDERASUL, Altair Toledo, fez críticas à reforma tributária. “Vamos pagar uma das maiores alíquotas do mundo para consumir no país. O sistema, que deveria ser simplificado, está se tornando ainda mais complexo.” Toledo destacou que a nova legislação permitirá a estados e municípios fixar alíquotas de consumo superiores a 26%, o que pode impactar severamente o caixa das empresas.

Ele também apontou que a carga tributária brasileira atingiu 33% do PIB em 2024, enquanto no Chile é de 20%, na Suíça, 27%, e na Coreia do Sul, 24%. Toledo chamou atenção para o aumento expressivo nos pedidos de recuperação judicial: em 2024, houve um crescimento de 61% em relação a 2023. No Rio Grande do Sul, o aumento chegou a 188% apenas no primeiro semestre.