Lotação em prontos atendimentos leva Estado a decretar situação de emergência na saúde nesta segunda

Sintomas de dengue e de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) são as principais motivações para busca de atendimentos na Capital

Movimento na IPA Cruzeiro do Sul, em Porto Alegre. Foto: Ricardo Giusti

Quem precisou buscar atendimento de saúde neste domingo em Porto Alegre teve de enfrentar horas de espera até ser chamado. O relato dos pacientes e a quantidade de pessoas em unidades de urgência e emergência de hospitais e nos Pronto Atendimentos da Capital evidenciam a alta procura que o setor tem recebido nas últimas semanas em função do aumento do número de casos de dengue e de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Em função disso, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) redigiu um decreto de situação de emergência na área da saúde, principalmente em função das síndromes respiratórias, para ampliar a capacidade de resposta. De acordo com a pasta, o documento já está com o governador Eduardo Leite para ser assinado e a expectativa é de que a situação de emergência seja publicada na edição desta segunda-feira do Diário Oficial do Estado.

A Prefeitura de Porto Alegre decretou a mesma situação, em nível municipal, na última sexta-feira. O boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que Porto Alegre está em nível de alerta para crescimento de longo prazo dos casos de Srag, com 95% de probabilidade de alta nas próximas semanas. Além disso, os dados mais recentes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) indicam superlotação nos leitos de enfermaria adulto e pediátrico.

O quadro é registrado tanto em unidades de pronto atendimento quanto em hospitais de média e alta complexidade. A situação é agravada pelo cenário epidemiológico da dengue, que já havia motivado outra declaração de emergência em abril.

A manhã de domingo foi de movimento moderado a intenso nas principais unidades de urgência e emergência e de Pronto Atendimento (PA) de Porto Alegre. No PA Cruzeiro do Sul, algumas pessoas aguardavam serem chamadas ou que seus atendimentos fossem finalizados do lado de fora da unidade. Um paciente relatou que chegou ao local ainda no sábado, por volta das 22h, e que foi atendido por volta das 2h.

Entretanto, ainda na manhã de domingo, ele aguardava no local os resultados dos exames que havia feito para síndromes respiratórias graves e dengue, tendo em vista que haviam suspeitas para ambas doenças. No final da manhã, o PA Cruzeiro do Sul registava superlotação, com 128% da capacidade de atendimento.

O maior índice de superlotação registrado neste domingo foi na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, na Zona Norte, com 324%. No local, pacientes aguardavam do lado de fora e o relato, assim como nas demais unidades, era de uma espera superior a 1h. No PA Bom Jesus, a lotação estava em 254%. Entre todas as unidades, essa é a que mais registrava atendimentos de pacientes com sintomas de doenças respiratórias.

Nas emergências dos hospitais de Porto Alegre, os maiores índices de superlotação eram registrados na Santa Casa com 286%, no Hospital de Clínicas com 228%, no Hospital São Lucas da PUCRS com 160% e no Hospital Conceição com 139%. No final da manhã, o painel de acompanhamento da SMS apontava que 420 pessoas buscavam atendimento em hospitais e unidades de pronto atendimento da Capital com sintomas de doenças respiratórias.

Números até o momento

De acordo com SES, até o momento, o RS já registrou mais de 4 mil internações de pacientes com síndromes respiratórias agudas graves, com 305 óbitos. Na Capital, a SES apontou 651 pacientes internados e 40 óbitos. Já nos casos de dengue, o RS tem mais de 19 mil confirmados e outros 44,5 mil em investigação, com 20 óbitos. Em Porto Alegre, a SES registrou 3,5 mil casos confirmados e 38,6 mil em investigação, com nove óbitos. Entretanto, o número indicado no painel de monitoramento da SMS é maior, com 41,3 mil notificações e mais de 8 mil confirmações.