Em meio à visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, empresários chineses prometeram um investimento na ordem de R$ 27 bilhões no Brasil. A aposta, segundo o petista, é criar oportunidades de comércio e desenvolvimento, além de reduzir barreiras comerciais e aumentar a integração entre os países. Entre as áreas beneficiadas pelo investimento, estão os setores automotivo, energético e de transportes (confira a lista abaixo).
Desde 2009, o país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil, tendo alcançado o recorde no intercâmbio comercial em 2023, com US$ 157,5 bilhões, com exportações brasileiras de US$ 104,3 bilhões, importações de US$ 53,1 bilhões e superávit para o Brasil de US$ 51,14 bilhões.
Entre janeiro a março de 2025, o intercâmbio comercial entre os países foi de cerca de US$ 38,8 bilhões. No período, o Brasil exportou US$ 19,8 bilhões e importou US$ 19 bilhões para a China.
Setor automotivo e transporte
A GWM (Great Wall Motors), uma das maiores montadoras chinesas, anunciou um investimento de R$ 6 bilhões para expansão de suas operações no Brasil. Com isso, a empresa vai exportar para toda a América do Sul e México.
Além disso, a DiDi, dona do aplicativo 99 táxi, anunciou investimento no setor de delivery e a construção de 10 mil pontos públicos de recarga para promover a eletrificação de veículos no Brasil.
Ainda no setor de delivery, a plataforma chinesa Meituan informou que vai aplicar cerca de R$ 5 bilhões para atuar no mercado de entrega, por meio do aplicativo Keeta. O investimento prevê, nos próximos cinco anos, a geração de 100 mil empregos indiretos e a instalação de uma central de atendimento no nordeste, com 3 a 4 mil empregos diretos.
Tecnologia e energia
Na área de semicondutores, a Longsys deve investir R$ 650 milhões, sobretudo destinados ao aumento da capacidade produtiva de fábricas de semicondutores de São Paulo e Amazonas.
Também houve uma sinalização da empresa Envision, líder global em tecnologia verde, que aplicará até R$ 5 bilhões para construir o primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina, promovendo a construção de um ecossistema verde que inclui Combustível Sustentável de Aviação, hidrogênio verde e amônia verde.
Em relação às parcerias, a Associação Brasileira das Empresas de Software e o ZGC, mais importante parque tecnológico chines, desenvolveram acordos em inteligência artificial, infraestrutura de dados, expansão de mercados e capacitação de talentos.
Foi anunciado, ainda, que a empresa estatal chinesa CGN vai investir mais de R$ 3 bilhões em um HUB de energia renovável no Piauí. Segundo o governo, serão destinados investimentos na geração de energia eólica, energia solar, armazenamento de energia e energia termosolar, gerando mais de 5.000 empregos na construção das unidades.
Alimentação
Com mais de 45 mil lojas, a Mixue, maior rede chinesa de bebidas no mundo, informou que vai comprar produtos brasileiros e iniciar operação no Brasil investindo R$ 3,2 bilhões, com estimativa de gerar 25 mil empregos até 2030.
Entre os acordos, o café brasileiro também foi negociado. Ainda em 2023, o governo firmou acordos com a Luckin Coffee para promoção do café brasileiro no mercado chines. Além disso, o Brasil fechou a venda de produtos brasileiros no varejo chines para a rede de supermercado Hotmaxx.
Entretenimento
No setor de entretenimento, a Huaxia Film se comprometeu em promover o cinema nacional. A partir desta semana, por exemplo, o filme brasileiro Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar de melhor filme internacional, começa a ser exibido em mais de 10 mil salas de cinema da China.
A obra, dirigida por Walter Salles, é baseada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e conta a história do pai do escritor, o ex-deputado Rubens Paiva, preso, torturado e assassinado pela ditadura civil-militar em 1971.
Farmacêutica
O Brasil firmou, ainda, parcerias no setor farmacêutico. Entre os acordos está a construção de uma plataforma industrial de insumos farmacêuticos ativos no Brasil, fruto do tratado entre a empresa brasileira Nortec Química e as chinesas Acebright, Aurisco e Goto Biopharm.