Ata do Copom é destaque na semana econômica brasileira

Documento será publicado na próxima terça com mais detalhes sobre “cautela adicional na atuação da política monetária”

Crédito: Agência Gov.BR

Se nos Estados Unidos a dúvida é quando a taxa de juros será cortada, os investidores no Brasil estão divididos se o último aumento de meio ponto percentual, de 14,25% para 14,75%, foi o fim no atual ciclo de alta ou terá mais uma alta residual de 25 pontos-base em junho. A divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) é o destaque da agenda da semana do Banco Central (BC).

O documento que será publicado na próxima terça-feira, 13, deve trazer mais detalhes sobre a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) em que aponta “cautela adicional na atuação da política monetária” por conta do cenário de “elevada incerteza” e do estágio “avançado” do ciclo atual de ajuste da política monetária. O IPCA divulgado na sexta-feira, 9, dá argumento para mais uma alta residual, já que, apesar da desaceleração na base, veio com elevado índice de difusão. A semana, no entanto, trará o Relatório Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira, 12.

Se o volume do setor de serviços e as vendas no varejo de março, que serão divulgados respectivamente na próxima quarta-feira, 14, e quinta-feira, 15, ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vierem acima do esperado pelos economistas, as apostas por uma alta adicional em junho vão aumentar. Na mesma quarta, o IBGE também divulga a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) com dados regionais. Na sexta-feira, 16, sai a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua trimestral.

Na sexta-feira, 16, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga o IGP-10 e o IPC-S da segunda semana de maio. De quarta a sexta, a agenda ainda prevê a Conferência Anual do Banco Central do Brasil que terá palestras e apresentações de trabalhos sobre temas relacionados à autoridade monetária. O evento contará com uma palestra magna do Prêmio Nobel de Economia, Jean Tirole, da Toulouse School of Economics.

Na temporada de balanços no Brasil, os olhos estarão voltados para Petrobras e o anúncio do volume de dividendos a ser anunciado. Outras companhias relevantes na B3 que divulgam os resultados financeiros do primeiro trimestre são: BTG Pactual, Banco do Brasil, Sabesp, Hapvida, Natura, IRB, JBS, Raízen, Cosan, BRF, JBS, Marfrig e Eletrobras. Nos EUA, o Nubank apresenta o seu balanço dos três primeiros meses do ano.

ESTADOS UNIDOS

O protagonismo das negociações sobre as tarifas de importação dos EUA nas mercadorias com a China e outras economias diminui a importância do peso dos indicadores econômicos ao longo da semana. A semana entre os dias 12 e 16 de maio continua sob a divisão de indicadores que vão entrar apenas nas estatísticas e os que ainda possam impactar na precificação dos ativos financeiros, com os indicadores antecedentes de empresas e consumidores tendo um protagonismo maior do que o habitual, além das falas das autoridades dos Bancos Centrais em relação aos próximos passos da política monetária, especialmente nos EUA.

Após manter a taxa de juros no intervalo entre 4,25% e 4,5% na última quarta-feira, 7, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) está em compasso de espera para entender a extensão dos efeitos das tarifas de Trump na inflação e no mercado de trabalho, os dois objetivos de política monetária do Fed. O prognóstico corrente entre os economistas é de aumento do nível de preços e desaceleração do crescimento com as tarifas, porém sem ter uma estimativa quantitativa para a inflação e o aumento da taxa de desemprego nos próximos meses.

Conforme o analista da plataforma Investing.com, Leandro Manzoni, e é também o prognóstico do Fed, que aponta maiores riscos de tensionamento nos seus dois objetivos, tendo que fazer uma “escolha de Sofia” em qual problema atacar primeiro. Os discursos desta e das próximas serão determinantes para entender por onde a autoridade monetária vai se movimentar quando os efeitos das tarifas chegarem à economia, culminando nas novas projeções econômicas a serem divulgadas na reunião de junho do colegiado.

A probabilidade maior, apontada pelo próprio Powell na quarta-feira, 14, é que a política monetária terá ou manutenção ou corte de juros nos próximos meses, dificilmente uma alta. Por isso, os indicadores econômicos desta semana ganham importância no sentido de entender o patamar de onde está a inflação e a atividade econômica dos EUA na virada de página provocada pelas tarifas – e se já houve algum impacto.

A inflação ao consumidor, que será divulgada na terça-feira, 13, deve ter subido em abril na base mensal, com a estimativa alta de 0,3%, enquanto deve manter a taxa anualizada em 2,4%. Na quinta-feira, 15, serão conhecidos os dados de abril da inflação ao produtor, vendas no varejo e produção industrial, junto com os tradicionais pedidos iniciais por seguro-desemprego. Na sexta-feira, 16, é a vez das prévias de maio da Universidade de Michigan para a expectativa de inflação e confiança do consumidor dos EUA.

Esse texto foi escrito antes do início da reunião comercial bilateral entre China e EUA na Suíça neste sábado. Um eventual relaxamento oficial das tarifas recíprocas de importação implementadas pelos dois países com um direcionamento de algum acordo futuro que, ao menos, leve à adoção de tarifas entre 10% e 25%, pode trazer um apetite ao risco na segunda-feira e mudanças no cenário econômico descrito acima para a condução da política monetária do Fed.

Em outros lugares, a divulgação dos dados de inflação são destaques em países como França, Alemanha e Argentina. As prévias do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre da Zona do Euro e do Japão também são destaques internacionais.