Selic é a maior em quase 20 anos após Copom elevar indicador para 14,75% ao ano

Brasil tem a terceira colocação no ranking dos maiores juros reais do mundo

Crédito: Arquivo\Agência Brasil

Deu a lógica, seja no Brasil ou nos Estados Unidos. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou no final da tarde desta quarta-feira, 7, de forma unânime, elevar a taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% ao ano — um aumento de 0,5 ponto percentual. Com isso, a taxa chega ao maior nível desde julho de 2006. Com isso, atingiu o maior patamar desde julho de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando a taxa era de 15,25% ao ano. A decisão levou em consideração a incerteza na economia dos Estados Unidos, provocada pela guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump, e a pressão da inflação no Brasil.

“O ambiente externo mostra-se adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de sua política comercial e de seus efeitos. A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da magnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária”, escreveu o Cupom.

Em seu comunicado, o Copom disse que irá adotar “cautela adicional” para o próximo encontro, previsto para os dias 17 e 18 de junho. “Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação.”

Na comunicação o BC disse que se “manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Com a elevação, o Brasil ficou com a terceira colocação no ranking dos maiores juros reais do mundo, elaborado pela plataforma MoneYou, que considera o juro nominal menos a inflação prevista para os próximos 12 meses. Pelo levantamento, o país tem um juro real de 8,65%. A primeira colocação do ranking continuou com a Turquia, que registrou uma taxa real de 10,47%, seguida pela Rússia, com taxa real de 9,17%. A Argentina, que havia registrado um juro real de 9,35% na última medição caiu para a 8ª posição em maio, com um juro real de 3,92%.

ESTADOS UNIDOS
A decisão do Federal Reserve (Fed) de manter a meta da taxa de juros dos EUA na faixa de em 4,25% a 4,5% mostra uma abordagem cautelosa em um ambiente marcado por incertezas econômicas. Essa decisão unânime da Assembleia de Governadores ressalta a intenção do Fed de manter a estabilidade enquanto monitora de perto a evolução das condições econômicas.
A ênfase do FOMC nos riscos elevados tanto para o emprego quanto para a inflação revela uma abordagem vigilante em relação às pressões econômicas emergentes. A menção de “oscilações nas exportações líquidas” que afetam os dados indica que o Fed está ciente dos fatores externos que afetam sua avaliação econômica, reforçando a complexidade do cenário econômico atual. Ao manter a taxa atual dos fundos federais e continuar a redução dos títulos do Tesouro e de agências, o Fed sinaliza a disposição de adaptar suas ferramentas para atuar em resposta às mudanças nos dados e riscos econômicos.