No último dia do ciclo de palestras “Reconstrução, resiliência e superação” nesta quinta-feira, 8, Carlos Eduardo Morelli Tucci, professor emérito da Ufrgs e diretor de hidrologia da Rhama Analysis, que foi contratado pela prefeitura para reformular o sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre, afirmou que a enchente de 2024 dá “a oportunidade de mudar a cidade”.
No evento parte da Semana da Superação e da Solidariedade de Porto Alegre, em alusão ao 1 ano completo da enchente, Tucci apresentou ações futuras que estão sendo e que devem ser implementadas na cidade, como recuperação do sistema de proteção, modernização do sistema de controle de enchentes, complementação do sistema de diques, sistema de previsão em tempo real, plano de emergência e contingência e drenagem da cidade.
O ciclo de palestras ocorreu no auditório do Centro de Monitoramento e Contingência Climática da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus). Ele reforçou os projetos contratados pela prefeitura para atuar no sistema de proteção contra enchentes ribeirinhas de Porto Alegre, que envolve recuperação do sistema de proteção, que está em andamento com o alteamento dos diques para o nível de projeto, recuperação e modernização de comportas e da EBAPs, fechamento das comportas, modernização do sistema de controle de enchentes.
“Hoje estamos avaliando qual é o risco do projeto levando em conta mudanças climáticas. Neste mês, deve estar terminado. Vamos chegar a um tempo de retorno de 6 anos muito menor do que 5,30 da enchente do ano passado. Vai ser um dilema: adotamos a cheia de 2024 como limite? Ou vamos trabalhar com 100 anos, provavelmente vamos adotar a de 2024 como limite”, diz.
Além disso, o projeto envolve avaliação da cota de proteção contra enchentes considerando as séries atuais e mudanças climáticas, avaliação da cota de proteção na extensão do dique, complementação do sistema de diques, realizar anteprojeto dos polders 7 e 8, buscar soluções para a zona Sul da cidade e encontrar vulnerabilidades do sistema de diques.
Em relação à drenagem urbana da cidade, ele lembrou que Porto Alegre é a única cidade do Brasil que possui planos de drenagem para todas as bacias da cidade, com de obras envolvendo de R$ 4 a 5 bilhões.
Uma delas no 4º Distrito, com o projeto executivo do sistema de drenagem e EBAPs desta área em andamento; além disso, a drenagem da bacia do Areia, que escoa para o aeroporto com investimentos nos últimos anos; a revisão do Plano do Passo das Pedras planejado; a compatibilização da drenagem junto ao aeroporto para os polders 7 e 8 com as bacias do Areia e Passo das Pedras, o andamento do projeto Arquipélago, com a gestão do espaço nas ilhas do Delta do Jacuí, e a avaliação de risco e mitigação para Ilha dos Pescadores, que está em fase de planejamento.
Ele ressaltou a necessidade de haver um sistema de previsão dos níveis do Guaíba, envolvendo a previsão de chuva para toda a bacia do Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí e o efeito de jusante da Lagoa dos Patos, combinando previsão meteorológica e previsão hidrológica. “Não adianta prever chuva só. Só dizer que vai chover 200 mm, preciso da cota”, diz.
O evento também contou com a participação do chefe do Escritório Holandês de Apoio aos Negócios Porto Alegre (NBSO), Caspar van Rijnbach, que falou da experiência dos Países Baixos que podem ser aplicadas em Porto Alegre; da jornalista Bruna Suptitz, especialista em cidades; do engenheiro civil do Demhab, Rodrigo Montemezzo; e um vídeo de Patricia Osseweijer, professora da universidade de Delft Holanda.
A Semana da Superação e da Solidariedade se estende até o dia 10 de maio, com ações de memória, homenagens, debates sobre prevenção e prestação de contas referentes à reconstrução da cidade.
