Empresários reagem ao aumento da Taxa Selic pelo BC

Alta sinaliza preocupação quanto ao poder de compra da população em meio à disparada dos preços

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O aumento da taxa básica de juros do Brasil em 0,5 ponto porcentual, anunciada nesta quarta-feira, 7, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), veio dentro do esperado, uma vez que o comitê já havia anunciado uma redução no ritmo de alta. Com a taxa Selic em 14,75% ao ano, o Brasil alcançou o nível de taxa de juros nominal mais alto desde julho de 2006. Em termos reais, o valor também é historicamente elevado.

“Embora, atualmente, as principais variáveis nas discussões da trajetória da política monetária estejam vinculadas à conjuntura externa, especialmente à americana, não podemos esquecer que a nossa conjuntura interna contratou taxas de juros estruturalmente elevadas. Os juros de curto prazo estão altos em virtude de um desequilíbrio fiscal que alimenta a inflação, mesmo com um cenário de desaceleração da atividade econômica global e de perda de valor do dólar. Se não endereçarmos medidas que reparem o cenário fiscal, permaneceremos com juros estruturalmente elevados por um longo período, o que, certamente, penaliza a atividade produtiva e compromete a saúde financeira de famílias e empresas”, disse o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.

De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), dados recentes, como a escalada de preços dos Serviços, não davam outra opção ao comitê. Serviços intensivos em mão de obra registram uma média móvel anual de 6% de alta, enquanto os subjacentes estão em 4,5%. Particularmente sensíveis ao nível de atividade econômica e ao aumento da renda disponível pela população, esses dois segmentos refletem como a demanda continua aquecida no País.

Conforme a federação, a decisão é acertada, ao diminuir o ritmo das elevações da Selic — não mais em 1 ponto percentual, como anteriormente —, mas mantendo o compasso de preocupação com a economia em geral. O Copom ainda atua corretamente ao oferecer credibilidade às suas ações. “Na leitura conjuntural da FecomercioSP, o ciclo de alta da Selic pode estar terminando. O aumento pode ser o último, já que o BC indicou essa possibilidade e os efeitos dos reajustes anteriores ainda não foram sentidos. Agora, é momento de aguardar os reflexos e, só então, definir os próximos passos”, diz a nota.

Para o presidente da FIERGS, Claudio Bier, o combate à inflação exige, prioritariamente, responsabilidade com as contas públicas e medidas efetivas de gestão que restabeleçam a confiança. “Manter uma política de juros elevados como resposta única ao descontrole fiscal significa penalizar o setor produtivo. É preciso atacar as causas estruturais, não seguir tratando os sintomas”, afirma.